Sexta, 19 Fevereiro 2016 13:27

Colestase da gravidez: saiba o que é

Você já ouviu falar em colestase da gravidez? O nome é tão estranho quanto a origem do problema, ainda obscura entre os especialistas.

 

O que se desconfia é que exista um componente genético envolvido em um descompasso do metabolismo hepático, que levaria ao acúmulo dos sais biliares no organismo inteiro.

 

“Ao se depositarem na pele da mãe, eles desencadeariam a coceira e, na placenta, provocariam um parto prematuro ou comprometeriam os vasos sanguíneos, prejudicando a oxigenação e a nutrição do bebê e, em casos extremos, até sua morte”, esclarece o obstetra Eduardo Cordioli, do Hospital Israelita Albert Einstein (SP).

 

Por ocorrer na gestação (geralmente, no terceiro trimestre), e de forma semelhante em algumas mulheres que fazem uso de anticoncepcionais, suspeita-se que o aumento nos níveis do hormônio estrogênio, característico dessa fase, seja o gatilho da colestase, cuja incidência varia de 0,1% a 2%, segundo o especialista em gestação de alto risco Francisco Feitosa, da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).

 

Sintomas

É preciso ficar atento aos sintomas. O principal motivo de preocupação é a coceira a partir da 30ª semana, que tende a se intensificar à noite. Normalmente, ela começa na planta dos pés e na palma das mãos e se espalha pelo corpo. Urina escura e fezes muito claras, além de uma coloração amarelada na pele, podem vir associadas. Com menor frequência, ocorrem fadiga, insônia e mal-estar.

 

Diante dessas manifestações, os especialistas costumam solicitar um exame de sangue, a fim de avaliar alguns índices relacionados ao funcionamento do fígado, como a fosfatase alcalina, bilirrubinas, TGO e TGP, cuja alteração, somada aos sintomas, pode acusar a colestase. Eles também recorrem ao ultrassom de abdômen total, para excluir a presença de pedra na vesícula biliar, por exemplo.

 

Oobstetra João Luiz Scaff, do Hospital e Maternidade São Luiz (SP), destaca a importância de investigar outras enfermidades que podem confundir o diagnóstico. “Precisamos afastar a possibilidade de doenças dermatológicas, que também desencadeiam coceira, de pré-eclâmpsia, que tem potencial de alterar as enzimas hepáticas, de hepatite, além de citomegalovírus e Epstein-Barr, vírus capazes de agredir o fígado”, enumera.

 

Pré-Natal intensivo

Uma vez diagnosticada a colestase, o médico vai avaliar o grau de severidade – leve, moderado ou grave – e fará um acompanhamento rigoroso do bem-estar do bebê. Para isso, ele dispõe de exames como a cardiotocografia, que registra a frequência cardíaca, e ultrassom com doppler, que mensura o fluxo sanguíneo para o feto, entre outras informações, conforme explica Cordioli.

 

O profissional também irá monitorar a função hepática da mulher, por meio de exames de sangue. Mas, em geral, não costuma haver prejuízos maternos significativos. O especialista também poderá prescrever medicamentos da classe dos anti-histamínicos, para atenuar a coceira, além de uma substância específica, chamada de ácido ursodesoxicólico, considerado pelos especialistas um dos remédios mais eficazes para normalizar os sais biliares, minimizando as consequências da doença.

 

A partir desse acompanhamento intensivo, médico e paciente vão entrar em acordo sobre o melhor momento de realizar o parto, que costuma ser antecipado para o período entre 37 e 38 semanas de gestação, conforme explica Francisco Feitosa – lembrando que essa decisão é sempre pautada pelo bem-estar e a segurança da criança. Mulheres que apresentam esse problema podem ficar tranquilas: com as intervenções adequadas no momento certo, a expectativa é que o bebê nasça esbanjando saúde!

 

Quais mulheres têm mais risco?

Há mulheres que têm maior probabilidade de desenvolver colestase e, portanto, devem reforçar a vigilância. “Fazem parte desse grupo as gestantes que esperam gêmeos e as que foram submetidas à fertilização in vitro, possivelmente por conta da exposição a uma maior carga hormonal”, especifica o obstetra Francisco Feitosa. De acordo com ele, a idade materna superior a 35 anos também merece cautela, bem como a descendência de povos andinos, já que a prevalência do problema chega a 9% na Bolívia e 16% no Chile, segundo uma revisão de estudos sobre o tema, que ele conduziu na Universidade Federal do Ceará. (Com Revista Crescer)

 

 

 

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