"O relacionamento entre avó e neto é determinante para um ambiente familiar agradável. Ambos saem ganhando com o bom convívio. Essa relação é capaz de proporcionar uma troca muito importante: avós proporcionam aos seus netos o contato com gerações e culturas passadas, isso soma para educação que os pais dão a seus filhos", diz Mariangela Mantovani, psicóloga de São Paulo.
"Já os netos proporcionam aos avós a oportunidade de se atualizarem, levando as novas informações para casa. Isso gera um grande afeto entre eles, aumentando o amor em grande proporção", completa.
A aposentada Matilde Vicente Mariano, 64, avó de primeira viagem de João, 4 anos, e à espera de seu segundo neto, cujo nascimento está previsto para janeiro, reitera o ditado que ser avó é ser mãe duas vezes, porém com benefícios extras: "Agora temos mais tempo, mais paciência. Quando é mãe, você tem que se ocupar em trabalhar, cuidar de muitas coisas, e não sobra muito tempo para os filhos. Quando estou com meu neto, somos só nos dois. Eu me dedico inteiramente a isso. A atenção é exclusiva", diz, afirmando que outro ponto positivo é poder paparicar sem se preocupar se está 'estragando' o neto de tanto mimo.
Embora muitos avós acreditem que podem fazer todas as vontades dos netos, no livro "Avós e Netos: Uma Forma Especial de Amar - Manual de Convivência", o pediatra Fábio Ancona Lopez explica que não é bem assim. Segundo o autor, os avós podem ser liberais em relação aos netos, mas não muito. "Avós e netos precisam respeitar os limites impostos pelos pais. As crianças testam, é normal, mas permitir que elas não cumpram o que os pais pediram traz insegurança, mesmo que, na hora, a situação pareça segura", orienta.
Na obra, lançada no início deste ano, ele analisa as orientações e condutas da relação entre avós e netos nos últimos anos. Aos 75 anos, 50 de profissão, Ancona percebeu que hoje os avós participam muito mais da vida dos netos do que no início da sua carreira, e isso tem feito muita diferença na educação das crianças.
"Os avós de hoje agem de forma diferente em relação ao tempo em que eram apenas pais. Eu, como médico, mudei minhas orientações alimentares e de condutas. Os avós vêm ao consultório com os netos hoje muito mais do que os avós de 40, 50 anos atrás. Muitos deles vieram com os filhos e esperam ouvir as mesmas coisas. Eles têm um grande prazer no ato de participar dessa forma da vida dos pequenos, mas os pais, filhos deles, devem explicar que a forma como as crianças foram criadas, os cuidados, mudaram, e eles precisam mudar nesse sentido também", explica.
O pediatra fala também dos cuidados que os avós devem ter quando estão com os netos, que já não são os mesmos de quando eles criaram de seus filhos. "Antigamente, criança gordinha era sinal de criança sadia. Isso mudou. Os avós, muitas vezes, acham que devem oferecer doces e bolos o tempo todo para os pequenos para que eles engordem, não aceitam que a criança não coma tudo o que foi posto no prato. No entanto, sabemos que uma criança que está acima do peso tem uma tendência muito maior de se tornar um adulto obeso depois. Por isso, pais, orientem os avós sobre como é a alimentação dos seus filhos e expliquem que sair da rotina é natural, o que não pode é tornar a fuga às regras uma constante, mesmo nas férias", orienta.
Confira alguns benefícios dessa relação tão especial:
Para os avós
Rejuvenescimento: a chegada do neto é um tempo de renovação, trazendo à tona as lembranças da maternidade e retomando a juventude.
Avós mais ativos: o contato, o cuidado e as brincadeiras com os netos deixam os avós mais ativos, fazendo com que se sintam úteis, estimulando no idoso o estímulo de atividades que exijam movimentação, como passear e ir ao parque.
Troca de gerações: os netos ensinam as características do novo, da "vida moderna", como novas tecnologias, roupas, hábitos, entre outros.
Para os netos
Lembranças: extremamente fortes ao longo da vida de uma pessoa, as memórias com os avós são os laços marcados por descobertas e transformações na vida da criança que começa a transitar para a adolescência.
Proteção: o afeto dos avós corrobora que não só os pais representam o papel da segurança na vida da criança, mas essa característica pode ser atribuída a outras pessoas, no caso, os avós.
Personalidade: fortalecer os vínculos afetivos ajuda na formação da personalidade da criança – já nos primeiros anos são delineadas as principais características do comportamento.
Respeito: a presença dos avós faz com que a criança entenda e respeite a velhice, aceitando suas diferenças e a entendendo suas limitações. (Com Portal Vital)