Segunda, 09 Maio 2016 10:20

Denúncia contra “caciques” agrava crise no PT do Paraná

Duas das principais lideranças do PT do Paraná, a senadora Gleisi Hoffmann e seu marido, Paulo Bernardo, foram denunciadas oficialmente pelo, Rodrigo Janot no âmbito da Operação Lava Jato, agravando ainda mais a crise vivida pelo partido no Estado.

 

A acusação criminal foi protocolada no Supremo na sexta-feira, a cinco dias da decisão do Senado sobre o pedido de afastamento da presidente Dilma Rousseff.

 

Gleisi tem sido uma das principais defensoras da petista no processo de impeachment no Congresso. Em 2014, ela foi candidata petista ao governo, ficando com a terceira votação, ou 14,7% dos votos, na disputa vencida pelo governador reeleito Beto Richa (PSDB). Ex-ministro dos governos Lula e Dilma, Bernardo é um dos mais importantes operadores políticos da sigla.

 

A denúncia de Janot ocorre 37 dias depois de o casal ter sido indiciado pela Polícia Federal por corrupção passiva, e aumenta o desgaste vivido pelos dois, e consequentemente, pelo PT paranaense. O inquérito policial, aberto em março do ano passado, concluiu que os dois receberam R$ 1 milhão de propina de contratos firmados entre empreiteiras e a Petrobrás. O valor, segundo as investigações, foi utilizado para custear as despesas da eleição dela ao Senado em 2010. O empresário Ernesto Kugler Rodrigues, de Curitiba, também indiciado no inquérito, é igualmente denunciado pela Procuradoria-Geral da República.

 

Segundo a Polícia Federal, o ex-ministro Paulo Bernardo teria solicitado a quantia ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. A operação foi feita, segundo as investigações, pelo doleiro Alberto Youssef. Para a PF, Paulo Bernardo tinha conhecimento de que os valores eram ilícitos, caso contrário não os teria solicitado a Costa.

 

Delatores

O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, personagens centrais da investigação da Operação Lava Jato, fizeram acordo de delação premiada e, em depoimentos, mencionaram nomes de políticos como beneficiários do esquema de corrupção na estatal. Os dois delatores citaram o nome da senadora petista.

 

A denúncia feita por Janot, que se valeu das conclusões da PF para acusar os três criminalmente por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, foi distribuída para o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal.

 

Caberá ao ministro Teori decidir se aceita ou não a denúncia e encaminhá-la à apreciação dos integrantes da Segunda Turma do STF, composta por cinco integrantes. Não há prazo para Teori apreciar a acusação que, se acatada, poderá tornar os três denunciados réus.

 

“Especulações”

Responsáveis pelas defesas do casal Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo, os advogados Rodrigo Mudrovitsch e Verônica Sterman rebateram, por meio de nota, a denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo contra os dois.

 

Em relação à senadora, os advogados dizem ter recebido com “inconformismo” a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal. “Todas as provas que constam no inquérito comprovam que não houve solicitação, entrega ou recebimento de nenhum valor por parte da senadora. A denúncia nem sequer aponta qualquer ato concreto cometido. Baseia-se apenas em especulações que não são compatíveis com o que se espera de uma acusação penal”, diz a nota da defesa.

 

No caso do ex-ministro Paulo Bernardo, os advogados afirmam que a acusação criminal oferecida ao STF se baseia em “declarações contraditórias e inverossímeis”. (Com Bem Paraná)

 

 

 

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