Tradicionalmente, nesta época do ano, os embarques de soja começam a desacelerar, dando lugar ao milho colhido na safra de inverno. Contudo, nesse ano haverá coincidência atípica de embarques dos dois tipos de grãos. Segundo a Appa, do total previsto, 1,792 milhão de toneladas ainda é remanescente da safra de soja, 1,595 milhão de toneladas de farelo de soja e 2,092 milhões de toneladas de milho safrinha.
“A função do porto é estar à disposição do produtor e atender a demanda do campo. Se o momento é oportuno e o câmbio está favorável, vamos dar vazão para toda esta produção”, afirma o diretor-presidente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina, Luiz Henrique Dividino. Nos últimos quatro anos, de acordo com ele, foram investidos R$ 511 milhões nos portos do Paraná para suportar este crescimento da demanda na movimentação de produtos pelo porto paranaense.
A combinação das duas safras nas exportações foi provocada pela antecipação da venda do milho safrinha, que ainda está sendo colhido, e a decisão dos produtores de soja de segurar o escoamento, à espera da melhora do preço e do câmbio. Da safra recorde de 16,9 milhões de soja que o Paraná colheu em fevereiro desse ano, 4,1 milhões de toneladas ainda não tinham sido vendidas até o fim de julho, de acordo com dados do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria estadual da Agricultura e do Abastecimento.
“Capitalizado, o produtor esperou para vender a soja nesse ano. Por isso as exportações começaram a ganhar fôlego no mês passado com a melhora dos preços em reais”, diz Marcelo Garrido, analista do mercado de soja do Deral. Em julho, o preço pago ao produtor pela saca de 60 quilos estava em R$ 61,15, cerca de 8,5% superior ao registrado no mesmo período do ano passado.
Safrinha - Por conta do câmbio, a venda de milho safrinha disparou, indicando um forte movimento de embarques. Até julho, 25% da safra já estava comercializada, contra 17% no mesmo período do ano passado. No Paraná, a colheita acelerou nos últimos 15 dias e entrou na reta final. Até a próxima semana, 90% da safra deve ser colhida, estima Edmar Gervásio, analista de milho do Deral. “Praticamente faltam apenas 400 hectares na região Norte do Estado”, diz. O Paraná deve colher o volume recorde de 11 milhões de toneladas de milho safrinha, 6% mais do que a safra anterior.
Logística - As cooperativas também têm que liberar os armazéns ocupados com soja para a safrinha de milho que está sendo colhida. Segundo Tania Moreira, economista do departamento técnico e econômico da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), as exportações de soja aceleraram em junho e as de milho devem seguir mais rápidas também para segurar os preços do grão no mercado interno. (Com Agência de Notícias)