Terça, 25 Outubro 2016 16:19

Polícia Federal vincula Lula a planilha de propinas da Odebrecht

O relatório da Polícia Federal que indiciou criminalmente o ex-ministro Antonio Palocci por corrupção passiva, divulgado na segunda dia 24, pela Operação Lava Jato, afirma que codinome "Amigo" em planilhas de propinas da Odebrecht se referia ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

 

Em um documento do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht - o chamado departamento de propinas da empresa -, "Amigo" é destinatário de R$ 23 milhões. 

 

No relatório de indiciamento, a PF afirma que, deste total, R$ 8 milhões teriam sido efetivamente repassados ao petista e "debitados" do "saldo" da "conta-corrente da propina, que correspondia ao agente identificado pelo codinome de Amigo". A planilha indica ainda, segundo o documento da PF, que R$ 6 milhões teriam sido pagos a "Italiano" - que seria Palocci - e R$ 50 milhões a "Pós Itália", referência ao ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. 

 

Os investigadores alegam que chegaram aos R$ 8 milhões por meio do cruzamento de valores debitados do saldo total do Setor de Operações Estruturadas da empreiteira. O setor era responsável pelo pagamento de propina a políticos, agentes públicos e ex-dirigentes da Petrobrás, segundo a Lava Jato. 

 

A PF afirma que a conclusão sobre a "alcunha" de Lula tem "respaldo probatório e coerência investigativa". Ela se baseia em e-mails e mensagens da cúpula da Odebrecht que fazem referência a Emílio Odebrecht como a sigla EO - patriarca do Grupo Odebrecht e pai de Marcelo Odebrecht - e, em várias ocasiões, à expressão "amigo de EO" que coincide com eventos que tiveram a participação do ex-presidente. 

 

Em troca de mensagens de 30 de janeiro de 2014, por exemplo, o executivo Alexandrino Alencar encaminha a Marcelo Odebrecht uma programação de eventos do "amigo de EO", incluindo uma viagem a Cuba no dia 24 de fevereiro. As datas coincidem com a viagem de Lula à Cuba, tendo feito inclusive uma palestra em Havana em 26 de fevereiro, ligada à Odebrecht. 

 

Em outro e-mail de 2013, Alexandrino afirma que está definida a data de uma viagem entre 3 e 6 de junho para o Peru, Equador e Colômbia, também com referência a "amigo de seu pai". A viagem do ex-presidente para aqueles países naquela data realmente ocorreu. 

 

"Luiz Inácio Lula da Silva era conhecido pelas alcunhas de 'Amigo de meu pai' e 'Amigo de EO', quando usada por Marcelo Bahia Odebrecht e, também, por 'Amigo de seu pai' e 'Amigo de EO', quando utilizada por interlocutores em conversas com Marcelo Bahia Odebrecht", diz o relatório subscrito pelo delegado federal Filipe Hille Pace. 

 

Lula não foi indiciado porque não é alvo deste inquérito. Pace diz no relatório que esta parte da investigação está sob responsabilidade do delegado federal Márcio Adriano Anselmo. 

 

O ex-presidente já foi denunciado pela força-tarefa e é réu na Lava Jato por corrupção e lavagem de dinheiro - ele foi acusado de receber R$ 3,7 milhões da OAS em forma de propinas na reforma do triplex no Guarujá e na armazenagem de bens pessoais. Lula também é alvo de outros inquéritos na primeira instância da operação em Curitiba. 

 

Sobre a citação feita pelo delegado Pace, a defesa do ex-presidente disse que o posicionamento é um "abuso" e não pode ser tratado como oficial. "Uma autoridade que não é a responsável pelas investigações em relação a Lula, emitiu sua 'convicção', sem lastro, para atacar a honra e a reputação do ex-presidente". 

 

Em manifestações de seus advogados ou próprias, Lula tem afirmado que não recebeu vantagens indevidas e é vítima de perseguição política da Lava Jato. 

 

 

Indiciamentos 

 

Palocci, que está preso desde a Operação Omertà, a 35ª fase da Lava Jato, em 26 de setembro, foi indiciado por corrupção passiva. Além do ex-ministro da Fazenda, foram enquadrados seu ex-assessor, Branislav Kontic, o casal de marqueteiros do PT João Santana e Mônica Moura, o empreiteiro Marcelo Odebrecht, e Juscelino Dourado, ex-assessor de Palocci. 

 

A investigação aponta que, entre 2008 e 2013, foram pagos mais de R$ 128 milhões ao PT e seus agentes, incluindo o ex-ministro. 

 

 

Relatório 

 

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é citado no relatório da Polícia Federal que indiciou o ex-ministro Antonio Palocci como sendo ‘Amigo’, codinome encontrado em planilhas de propinas da Odebrecht. A defesa de Lula diz que "Lava Jato não apresentou qualquer prova que possa dar sustentação às acusações". 

 

R$ 23 mi é o valor citado em documento da Odebrecht destinado a 'Amigo' 

 

R$ 8 mi deste total teriam sido debitados da 'conta-corrente da propina' 

 

 

 

Veja também:

  • Abandono de menino: PF entrará no caso se confirmar tráfico internacional

    O Promotor de Justiça, Luciano Machado, falou no começo da tarde de hoje, sobre o caso do menino abandonado no Bairro Cascavel Velho, em Cascavel. Ele esteve no Nucria e preferiu não entrar em detalhes sobre a investigação propriamente dita.

     

    Hoje, novas informações sobre o caso do garotinho localizado no dia 10 vieram à tona. A mulher, que em princípio alegou ter encontrado ele sozinho em frente de sua residência, foi conduzida para o Nucria, após denúncias de que ela teria trazido a criança do Paraguai para uma adoção ilegal.

  • Abandono de menino: PF entrará no caso se confirmar tráfico internacional

    O Promotor de Justiça, Luciano Machado, falou no começo da tarde de hoje, sobre o caso do menino abandonado no Bairro Cascavel Velho, em Cascavel.

     

    Ele esteve no Nucria e preferiu não entrar em detalhes sobre a investigação propriamente dita.

  • Propina para Gleisi foi no ‘fio do bigode’, diz delator

    O ex-deputado Pedro Corrêa (ex-PP) afirmou que propinas de R$ 1 milhão oriundas do suposto caixa de seu partido junto à Diretoria de Abastecimento da Petrobras à campanha da senadora paranaense Gleisi Hoffmann (PT) ao Senado, em 2010, foram acertadas “no fio do bigode”.

     

    A presidente do PT e seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, são réus por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no STF.

Entre para postar comentários