Terça, 24 Outubro 2017 08:36

Propina para Gleisi foi no ‘fio do bigode’, diz delator

O ex-deputado Pedro Corrêa (ex-PP) afirmou que propinas de R$ 1 milhão oriundas do suposto caixa de seu partido junto à Diretoria de Abastecimento da Petrobras à campanha da senadora paranaense Gleisi Hoffmann (PT) ao Senado, em 2010, foram acertadas “no fio do bigode”.

 

A presidente do PT e seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, são réus por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no STF.

 

Pedro Corrêa teve sua delação homologada em agosto de 2017 pelo ministro do Supremo Edson Fachin. O ex-parlamentar, condenado a 30 anos na Lava Jato e a 7 anos e 2 meses no Mensalão, é testemunha de acusação em processo contra Gleisi. Ele depôs no dia 19 de setembro.

 

O ex-deputado confessou ter sido um dos políticos que se beneficiavam de esquemas de corrupção na Petrobras. Ele relata que o falecido deputado José Janene (PP) e o doleiro Alberto Yousseff eram os arrecadadores do PP. A “conta” de propinas do partido na Patrobras era alimentada por desvios de contratos da Diretoria de Abastecimento, ocupada por Paulo Roberto Costa, que também é delator e corrobora com a versão de Corrêa.

 

Quando Janene esteve doente, em 2010, Pedro Corrêa alega que somente Yousseff passou a prestar contas para os políticos que recebiam propinas no PP. Ele diz que o doleiro “arrecadava, “mostrava” e os políticos faziam “a distribuição para os diversos parlamentares, inclusive para ajudar uns mais necessitados, outros menos necessitados”. “Então isso, em 2010, Alberto Youssef, numa das reuniões para prestar contas, ele tinha dito que tirou um milhão de reais do caixa do partido, a mando de Paulo Roberto Costa, para entregar ao ex-ministro Paulo Bernardo, de quem eu tinha sido companheiro”, alega.

 

O ex-deputado relata que chegou a reclamar com o ex-diretor da estatal “porque o PT tinha a Diretoria de Serviços” e o PP enfrentava “dificuldade grande de fazer a campanha, para terminar a campanha do partido”.

 

“Então fui reclamar de Paulo Roberto, e ele então me disse que tinha sido uma determinação da presidente Dilma, que mandou que ele ajudasse a Senadora Gleisi Hoffmann, e, por isso, ele mandou que se entregasse um milhão de reais. E, na verdade, a Senadora foi eleita e, logo depois, em janeiro, foi Ministra da Presidente Dilma”, afirma.

 

O ex-parlamentar, no entanto, relata que não restaram provas documentais sobre os supostos acertos.”Não ficava nada, nada. O trabalho da política e sempre no “fio do bigode”, por isso que a prova do político e mais complicada, porque e sempre o que você tem, que, embora se diga que a pior das provas seja a prova testemunhal, mas e a maneira que tem de juntar a prova, varias testemunhas pra saber que o fato existiu. Porque, na verdade, não tinha escrito nada”.

 

Defesa – Em nota divulgada por sua assessoria, Gleisi negou irregularidades. “A defesa já restabeleceu a verdade com relação a essas acusações infundadas e levianas. Por não existirem fatos concretos e plausíveis que respaldem tais delações, elas só podem alimentar a atenção da imprensa novamente por interesses políticos e com o intuito de perseguir o PT, seus dirigentes e suas lideranças”, afirmou.

 

“O PT tem mais de 22% da preferência popular de acordo com as recentes pesquisas de opinião; o Presidente Lula, que parte agora em caravana pelo interior de Minas Gerais, quase 40% das intenções de voto para a Presidência da República, se as eleições fossem hoje, e novas filiações aumentam a cada dia junto aos diretórios do PT e pela internet. Somos mais de 1,8 milhão de filiados em todo o País. Mais uma vez, o PT representa a esperança do povo em reverter os estragos feitos pelo golpe no Brasil”, alegou a senadora.

 

Documentos vieram da Odebrecht

 

O Ministério Público Federal informou ao juiz Sérgio Moro que extraiu os documentos solicitados pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva “diretamente de cópia dos discos rígidos” ligados ao sistema Drousys, fornecidos pela Odebrecht.

 

Os advogados do petista haviam pedido os originais de uma documentação anexada à ação sobre supostas propinas do Grupo para o ex-presidente, na Operação Lava Jato.

 

O Drousys é o sistema de comunicação secreto do setor de propinas da empreiteira. A Odebrecht fechou acordo de colaboração com a Procuradoria-Geral da República - 77 executivos da empreiteira fizeram delação premiada.

 

“Informa o Ministério Público Federal que os documentos, como já exposto por diversas vezes, foram extraídos diretamente de cópia dos discos rígidos relacionados ao sistema ‘Drousys’, fornecidos pela Odebrecht S/A., que se encontravam armazenados em servidor localizado na Suécia”, afirmou a Procuradoria da República.

 

Nesta ação penal, Lula é acusado de receber vantagens indevidas que incluiriam um terreno de R$ 12,5 milhões para Instituto Lula e uma cobertura vizinha à residência de Lula em São Bernardo de R$ 504 mil. A defesa de Lula questionou três documentos anexados ao processo e pediu “realização de exames grafoscópico e documentoscópico”. (Com Bem Paraná)

 

 

 

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  • Indicada para presidir o PT, Gleisi diz que é preciso ‘Lula de volta’

    Indicada pela corrente majoritária do PT para concorrer como candidata a presidente da legenda em junho, a líder do partido no Senado, Gleisi Hoffmann (PT-PR), afirmou em nota que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva precisa voltar a governar o País.

     

    No domingo, o PT realizou o Processo de Eleições Diretas (PED) nos diretórios municipais para eleger as direções municipais da legenda e escolheu os delegados estaduais, que vão escolher a próxima diretoria nacional do partido em junho, durante o Congresso Nacional do partido.

  • Polícia Federal vincula Lula a planilha de propinas da Odebrecht

    O relatório da Polícia Federal que indiciou criminalmente o ex-ministro Antonio Palocci por corrupção passiva, divulgado na segunda dia 24, pela Operação Lava Jato, afirma que codinome "Amigo" em planilhas de propinas da Odebrecht se referia ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

     

    Em um documento do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht - o chamado departamento de propinas da empresa -, "Amigo" é destinatário de R$ 23 milhões. 

  • Delcídio confirma pagamento de propina para abastecer campanha de Dilma

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    A fala de Delcídio reitera a acusação do executivo Otávio Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez, que já havia afirmado em depoimento que houve pagamento de propina disfarçado de doação oficial à campanha de 2014. 

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