Ao final do ato, se matou.
Adam pegou as armas de sua mãe, que mantinha alguns modelos em casa, a matou e se dirigiu até a escola Sandy Hook. Fontes disseram à imprensa internacional, Lanza era um menino introvertido e muito estranho. E, diferente de muitos jovens da sua idade, não tinha Facebook. Nem no anuário escolar havia foto sua, o que denota um forte comprometimento social.
Quando nos deparamos com esses acontecimentos trágicos, fica a pergunta: o que leva uma pessoa a cometer um ato tão grotesco? Em busca de explicações, é comum que surjam estereótipos, ainda mais por conta das definições dadas por quem conhecia o rapaz. Mas Eliana de Barros Santos, psicóloga e diretora do Colégio Global, alerta que é preciso ter muito cuidado ao julgar e estabelecer o perfil de uma pessoa capaz de cometer uma atrocidade.
"O comportamento antissocial introvertido e ‘estranho’ pode estar relacionado ao quadro da Síndrome de Asperge. Os jornais afirmam que Adam tinha sido diagnosticado com esta síndrome, o que explica o tipo de comportamento descrito, mas não significa que todo portador da mesma seja um assassino em potencial", defende. "O sofrimento dessas pessoas é enorme e deve ser tratado para que o quadro não seja agravado, desencadeando consequências imprevisíveis."
A psicóloga acredita que Adam apresentava problemas de relacionamento dentro da família. E o fato de ter acesso fácil às armas possivelmente tornou mais imediato o crime, que pode ter sido cometido após uma das crises de "chilique", uma vez que, segundo um vizinho relatou ao jornal W. Post, era comum o menino apresentar.
E é importante salientar que o comportamento que leva a criança a cometer um massacre não é adquirido com o tempo. Ele é decorrente de algum distúrbio na área da saúde mental e pode ser agravado de acordo com o ambiente em que o portador se desenvolve. "As crianças que apresentam distúrbios de comportamento na área social precisam ser acompanhadas por profissionais em todas as fases do seu desenvolvimento, até mesmo na fase adulta", orienta Eliana.
Esses problemas costumam ser mais evidentes na adolescência. Mas, independente da idade, assim que pais e professores perceberem mudanças graves de comportamento, a primeira medida é buscar a avaliação de um profissional da área da saúde mental. Dessa forma a criança terá recursos para lidar com seus problemas e se desenvolver de forma mais tranquila.
Diante de mais essa tragédia, a diretora do Colégio Global pede que as famílias e escola se atentem mais aos casos de crianças e jovens que acusam necessidade de acompanhamento, por relacionarem com o mundo de forma ‘diferente’ e ‘estranha’.
"Por trás dessa estranheza existe muito sofrimento e não é justo que se fechem os olhos para quadros que podem ser diagnosticados e tratados de forma a possibilitar o desenvolvimento de pessoas saudáveis e, sobretudo, felizes. É um bem para elas, para a família e para a sociedade", finaliza.
Por Juliana Falcão (MBPress)
Fonte -Vila Mulher