Para a psicóloga clínica e psicoterapeuta Triana Portal, homens têm mais dificuldade para perdoar após uma briga, principalmente quando se trata de uma traição. Na opinião do psicólogo Lucas Rezende, professor do Instituto de Neurolinguística Aplicada (INAp), do Rio de Janeiro, além das causas frequentes, as novas tecnologias e as redes sociais surgem como vilãs e podem gerar ainda uma desconfiança na relação, uma vez que elas permitem com que você fale com qualquer pessoa em qualquer lugar e sem que ninguém veja.
Dinheiro e ciúmes são causas frequentes de brigas entre casais
Para a psicóloga clínica e psicoterapeuta Triana Portal, brigas demais desgastam a relação e estimulam o desrespeito, o que leva à falta de admiração e até mesmo à falência do relacionamento. Ela ressalta que o dinheiro, ciúmes e problemas com a família do cônjuge são as questões mais comuns: 'Cada casal tem um temperamento e personalidades distintas que levam a um ou outro problema mais recorrente. Isso pode variar bastante, mas eu citaria essas três questões como as mais comuns à maioria das brigas entre os casais. Elas também constam na lista de motivos que levam ao divórcio. A comunicação eficiente é a chave para o sucesso do relacionamento', avalia Triana.
Problemas de comunicação também são vilões nas crises conjugais
Na opinião do psicólogo Lucas Rezende, professor do Instituto de Neurolinguística Aplicada (INAp), do Rio de Janeiro, os problemas de comunicação acabam sendo os grandes vilões nas crises conjugais. 'Em qualquer fase ou briga é bom avaliar a possibilidade de uma terapia de casal. Deixando o orgulho de lado, o casal abre um novo canal de comunicação e assume novas perspectivas sobre si próprio e sobre como cada um impacta o outro', analisa o psicólogo.
Redes sociais e novas tecnologias podem gerar desconfiança
O psicólogo Lucas Rezende aponta novos protagonistas de brigas na relação: as novas tecnologias e as redes sociais. 'Hoje em dia, com um celular na mão, você fala com qualquer pessoa em qualquer lugar e sem que ninguém veja. Essa hipermobilidade, também muito discreta, tornou altamente prático que qualquer um tenha e mantenha contatos privados, o que naturalmente dá margem para desconfiança do companheiro ou companheira', explica Lucas Rezende.
Efeito químico do estresse gerado por brigas é ruim à saúde
Para Lucas, brigar muito, antes de ser ruim ou bom, é um sinal de que algum aspecto da relação está em desequilíbrio e que está faltando algum acordo entre o casal. 'É ruim por um lado porque há sempre um desgaste emocional que resulta dessas brigas. E pior ainda quando elas ocorrem com frequência, pois o efeito químico do estresse gerado por brigas é estocástico no organismo, ou seja, o cortisol e outros hormônios liberados se acumulam e geram efeitos inflamatórios no corpo', observa o psicólogo.
Casal deve dar um significado para aquela briga
Por outro lado, uma briga pode ser boa desde que dela saia pelo menos um aprendizado para o casal refletir questões como ‘O que podemos tirar de proveito dessa discussão?’ ou ‘Como cada um pode mudar um comportamento ou hábito para melhorar a relação?’. Tudo depende, analisa o psicólogo, do significado que é dado pelo casal àquela briga. 'O que não pode é deixar a briga se tornar um hábito da relação e esta se torna sua marca registrada nos círculos sociais e familiares', defende Lucas Rezende.
Homens têm mais dificuldade para perdoar após brigas
Na opinião da psicóloga clínica e psicoterapeuta Triana Portal, os homens costumam ter mais dificuldade de perdoar principalmente quando se trata de traição, pois fere o orgulho masculino e remete a questões de gênero onde o machismo ainda é arraigado.
'Mesmo que ele queira perdoar as pessoas o olham como 'trouxa' se o fizer e essa opinião das pessoas tende a ter peso na avaliação desse homem. Todos devem buscar através do diálogo uma melhor forma de conduzir suas vidas, pois estar em constante conflito envelhece, cansa, estressa, desgasta o relacionamento e não há ganhos, apenas perdas', destaca Triana.
Brigas não podem resultar em agressões físicas ou psicológicas
Para Triana Portal, uma relação saudável pode e precisa ter harmonia, sintonia, equilíbrio, respeito, admiração, tranquilidade, confiança, amizade e a ausência de competição. Isso tudo não significa não ter brigas e discussões, pois isso faz parte de qualquer relação, mas elas deve ser bem direcionadas e conduzidas.
'Um relacionamento precisa de manutenção, é um sistema em constante movimento e mudança. O que não dá para aceitar numa relação de jeito nenhum são brigas que culminam em agressão física, verbal ou psicológica, ou ainda traições recorrentes. Se a relação chega nesse ponto é melhor separar', explica a psicoterapeuta.
Dormir brigado é veneno para o relacionamento
Triana explica que dormir brigado, acordar e seguir a vida fingindo que nada aconteceu é um veneno que vai matando a relação dia após dia. 'Essa prática faz com que mágoas e raiva se acumulem e uma hora isso tudo vem à tona. Ideal é uma conversa franca, honesta, sem rodeios ou agressões, em que ambos expressem claramente seus anseios, vontades, dissabores', analisa Triana. Outro ponto crucial é não ficar buscando quem tem razão, mas tentar encontrar um ponto de equilíbrio que seja bom para os dois. 'Ceder faz parte. Temos que fazer sacrifícios às vezes para que as coisas fluam bem', ressalta a psicóloga.
Briga não pode ter o objetivo de mudar a 'essência' do outro
A psicóloga explica que os casais tendem a assimilar muito coisa um do outro, a compartilhar gostos e estreitar afinidades com o convívio, mas defende que determinados valores, manias e comportamentos aprendidos se mantêm e devem ser respeitados. 'Você não pode mudar a essência de uma pessoa, não pode transformar seu parceiro naquilo que você quer e acha bacana até porque ele perderia as características que a fizeram se apaixonar por ele um dia', avalia Triana Portal.
Como se resolve, então, uma briga na relação?
Para Lucas Rezende, psicólogo e professor do Instituto de Neurolinguística Aplicada (INAp), do Rio de Janeiro, se a briga aponta para um problema de menor importância, uma simples conversa de cabeça fria, ou seja, de forma dissociada do problema, pode ser suficiente. Mas, se essa briga é diz respeito a um problema de maior importância, isto é um sinal de que a fase da conversa já passou, agora é a hora de agir.
'Não há fórmula mágica e nem receita de bolo. O importante é a disposição em enfrentar o que precisa ser enfrentado para não deixar o tempo passar e a separação se apresentar como a única saída. Alguma coisa precisa ser feita e o casal precisa assumir com compromisso as mudanças de atitudes e hábitos', explica Lucas.
Fonte - Tempo de Mulher