Quinta, 04 Agosto 2016 14:13

Jovem relata quadro grave de trombose após uso de anticoncepcional

A jovem Juliana Pinatti Bardella, que mora em Botucatu, no interior de São Paulo, fez um post em sua conta no Facebook que comoveu seus amigos e milhares de usuários da rede social.

 

Ela precisou ser internada às pressas em SP com um quadro de trombose cerebral, provocado, segundo ela, pelo uso contínuo de pílula anticoncepcional.

 

No relato, Juliana diz que os problemas começaram com uma dor de cabeça que foi aumentando gradativamente. Ela procurou o hospital da cidade e a médica receitou analgésicos. Na última sexta dia 29, a jovem acordou sem sentir sua perna direita e percebeu que uma de suas mãos não respondia a seu comando. "Aquilo estava muito estranho. Não fui à aula e resolvi esperar passar. Não passou.", escreveu.

 

O relato foi publicado nesta terça dia 02, e já tem mais de 190 mil curtidas e mais de 60 mil compartilhamentos. Nos comentários, internautas escreveram mensagens de apoio à jovem, além de alertar amigas sobre o problema sofrido por Juliana.

 

Em nota, o laboratório Bayer, que fabrica o Yaz - medicamento que Juliana estava tomando - disse que a empresa segue padrões da Comissão Europeia, além de afirmar que "os benefícios dos contraceptivos hormonais combinados na prevenção da gravidez não planejada continuam a superar os riscos e que a possibilidade de tromboembolismo venoso (TEV), associada ao uso de contraceptivos hormonais combinados, é pequena".

 

 

Veja o texto:

 

Última cartela. Último comprimido.

 

Começou com uma pequena dor de cabeça. A dor foi aumentando gradativamente durante três semanas, até ficar insuportável.

 

Fui ao hospital em Botucatu, onde a médica me receitou remédios para enxaqueca, não pediu nenhum exame e não quis me encaminhar para um neurologista (mesmo com minha insistência), pois disse que não era o caso.

 

Era sexta, dois dias após ter ido ao hospital. Acordei pela manhã para ir à aula, quando fui levantar da cama minha perna direita não respondeu ao meu comando, mas com algum esforço levantei. Escovando os dentes percebi que minha mão direita também não estava normal. Tentei me vestir, sem sucesso. Aquilo estava muito estranho, então não fui a aula e resolvi esperar passar. Não passou.

 

Alguns minutos depois peguei o celular para fazer uma ligação, mas foi muito difícil, fiquei muito tempo olhando para a tela sem saber o que fazer, como se tivesse esquecido como manusear um telefone. Deixei o celular de lado e fui ao banheiro, e para o meu maior desespero não sabia mais usar o banheiro, fiquei olhando pela porta e não sabia mais por onde começar, como isso era possível?

 

Minha visão começou a ficar turva depois de algum tempo. Já não conseguia fazer nada sozinha, não realizava nenhum raciocínio básico.

 

Minhas amigas que moram comigo me socorreram, me ajudaram a usar o banheiro, fizeram as ligações que eu precisava, me ajudaram a comer, e principalmente, me mantiveram calma para esperar até que minha mãe ,vindo de outra cidade, chegasse.

 

Meus pais resolveram me levar com urgência para um hospital em São Paulo, na viagem o efeito do remédio para enxaqueca havia passado, a dor voltou muito mais forte.

 

No hospital realizei alguns exames, administraram três medicamentos para a dor, sem sucesso, a dor continuou forte. Em poucas horas fui chamada para saber o resultado dos exames e na ressonância magnética foi diagnosticada trombose venosa cerebral.

 

Foi um choque, não consegui entender bem o que estava acontecendo, o médico me perguntou se eu tomava anticoncepcional, eu disse que sim, há cinco anos, e então ele disse que essa poderia ser a causa do problema.

 

Cinco anos de YAZ, três ginecologistas diferentes, e nenhum me alertou sobre a trombose, mesmo perguntando a respeito, nenhum falou que seria um risco. Não tenho histórico familiar, não sou fumante, e os exames de sangue estavam normais, não tinha predisposição a ter trombose.

 

Foram três dias dentro da UTI, e um total de quinze dias de internação. A causa era mesmo o anticoncepcional, um remédio que era pra estar me ajudando, mas que ali poderia ter me causado uma seqüela irreparável ou até mesmo algo pior.

 

De certa forma me culpei por ter ignorado as notícias sobre a trombose que via na internet ou que ouvia falar. Confiava demais no YAZ, confiava demais em mim mesma, pensava que aquilo não iria acontecer comigo.

 

Após o diagnostico parece que virei um imã de histórias de trombose, ouvi incontáveis casos como: a amiga que teve trombose na perna ou no braço, a outra amiga também com trombose venosa cerebral que teve que realizar cirurgia, a menina que tem que tomar anticoagulante pro resto da vida por causa da trombose, e o pior, como a amiga que morreu de tromboembolismo pulmonar.

 

Todos os casos eram mulheres jovens e que tomavam anticoncepcional.

 

Não sou contra o anticoncepcional, acredito que ele traga benefícios sim, mas sou contra a negligência de se receitar anticoncepcional indiscriminadamente sem informar adequadamente seus riscos, e da própria negligência de tomar um medicamento durante tantos anos sem desconfiar que poderia ser prejudicial e poder levar até mesmo a morte.

 

Mulheres, preocupem-se, pesquisem e perguntem! (Com UOL)

 

 

 

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    No Dia Nacional de Combate e Prevenção à Trombose, lembrado neste sábado dia 16, especialistas alertam para os principais fatores de risco e seus sintomas.

     

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    O marco histórico motivou o Conselho Diretor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) a criar, dois anos depois, o Dia Mundial da População (World Population Day).

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    Segundo a Anvisa, o anticoncepcional apresentou resultados insatisfatórios em um estudo de estabilidade e foi apontado como classe 3 --"alto risco"-- na classificação de risco à saúde.

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