Quinta, 09 Junho 2016 15:04

A maioria dos antidepressivos é ineficaz em crianças e adolescentes

A maioria dos remédios antidepressivos é ineficaz em crianças e adolescentes que sofrem de depressão grave, podendo ser, eventualmente, até perigoso, aponta um amplo estudo publicado nesta quinta no periódico médico britânico The Lancet.

 

Realizado por um grupo internacional de pesquisadores, o estudo revê 34 testes em mais de 5.000 crianças e adolescentes, com idades entre 9 e 18 anos, envolvendo 14 antidepressivos.

 

Apenas um desses medicamentos, a fluoxetina - comercializada principalmente como Prozac -, mostrou-se mais eficaz do que um placebo para tratar dos sintomas de uma depressão.

 

A fluoxetina também é mais bem tolerada do que os demais antidepressivos.

 

No sentido contrário, a nortriptilina foi considerada a menos eficaz dos 14 antidepressivos estudados, e a imipramina, a menos tolerada. Já a venlafaxina está associada a um risco crescente de pensamentos suicidas.

 

Os pesquisadores reconhecem, porém, que a verdadeira eficácia e os riscos de efeitos colaterais indesejáveis graves desses medicamentos continuam no campo do desconhecido, devido à fragilidade dos testes clínicos existentes.

 

É o caso, sobretudo, dos pensamentos e comportamentos suicidas ligados aos antidepressivos. Em um comentário agregado ao estudo, o pesquisador australiano Jon Jureidini destaca que, no que diz respeito à paroxetina, eles atingem 10% em uma nova análise de dados, contra 3% em estudos já publicados.

 

Segundo estimativas citadas pelo estudo, 2,8% das crianças entre 6 e 12 anos e 5,6% dos adolescentes sofrem de problemas depressivos graves nos países desenvolvidos. Esse número pode estar subestimado, levando-se em conta a dificuldade de diagnosticar a patologia.

 

Esses sintomas são diferentes dos observados nos adultos e incluem, em especial, irritabilidade, não querer ir à escola, ou comportamento agressivo.

 

Em relação aos antidepressivos - que também podem causar, além das ideias suicidas, dor de cabeça, náusea e insônia -, sua prescrição continua a aumentar, ainda que a maioria dos países ocidentais recomende, a partir de agora, que sejam reservados às depressões mais graves e após o fracasso das psicoterapias.

 

"Os antidepressivos não parecem oferecer um benefício claro nas crianças e nos adolescentes", concluem os autores do estudo, que acrescentam que "a fluoxetina é, provavelmente, a melhor opção quando o tratamento medicamentoso é indicado".

 

Vários especialistas comemoraram os resultados do estudo, que fortalecem as recomendações de países como a França, ou a Grã-Bretanha, no que diz respeito à prescrição de antidepressivos às crianças e aos adolescentes.

 

O primeiro tratamento das depressões em ambos os grupos deve continuar sendo "a abordagem psicológica, ou relacional", que é "mais eficaz no longo prazo", disse à AFP o vice-presidente da Sociedade Francesa de Psiquiatria da Criança e do Adolescente, Daniel Marcelli, que participou da elaboração das recomendações francesas.

 

"Estamos de acordo com as conclusões dos autores, que consideram que os antidepressivos devem ser utilizados de forma sensata e acompanhados de perto", declarou a psiquiatra britânica, Bernadka Dubicka. (Com AFP)

 

 

 

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