Caracteriza-se pela preocupação excessiva da pessoa com sua aparência, muitas vezes com crenças "delirantes", percebendo-se como feia, com uma estrutura corporal muito pequena, fraca ou magra.
Segundo Cibely, o quadro patológico da vigorexia foi descrito pela primeira vez nos anos 1990 e foi denominada inicialmente como Anorexia Reversa, dada a semelhança com outros transtornos alimentares. A vigorexia, se aproxima da anorexia quanto às restrições alimentares, autoimagem distorcida (no primeiro a falsa ideia de fraqueza e no segundo de obesidade) e automedicação (uso de anabolizantes x uso de laxantes e diuréticos).
"Essa obsessão com o corpo pode causar grande sofrimento emocional ou prejuízo nas atividades diárias e áreas importantes da vida do indivíduo, já que dedicam grande tempo para a prática de exercícios físicos e atividades para melhorar a aparência", observa a psicóloga. Ela lembra que as entre as causas da vigorexia há aspectos neurobiológicos e comportamentais, e afeta principalmente homens, sendo a média de idade mais frequente do transtorno entre 16 e 17 anos, embora alguns sintomas possam aparecer durante a infância e início da adolescência.
Este transtorno, acrescenta Cibely, está relacionado a altos níveis de ansiedade, sentimento de inferioridade, fobia social, perfeccionismo, baixa autoconfiança e baixa autoestima. "Associado à vigorexia, alguns indivíduos também apresentam transtornos depressivos, TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), e transtornos relacionados ao abuso de substâncias", pontua.
A psicóloga descreve que a maioria faz dietas, exercícios e/ou levanta pesos excessivamente, às vezes causando lesões no corpo. Em alguns casos usam esteroides anabolizantes perigosos e outras substâncias para tentar deixar seu corpo maior e mais musculoso. Entretanto, não importa o que façam são constantemente acompanhados por uma insatisfação com relação à aparência física.
"Além dos sintomas mencionados muitos apresentam dores musculares persistentes, insônia, irritabilidade, isolamento social, baixa produtividade no trabalho, dieta bastante restritiva, problemas de concentração e memória", relata a profissional, ressaltando que por causa da preocupação excessiva relacionadas à aparência é comum os indivíduos apresentarem qualidade de vida empobrecida, prejuízos no trabalho e desempenho acadêmico deficitário. "Além disso, passam a evitar situações sociais com receio de serem ridicularizados", ressalta.
Segundo Cibely, não é muito fácil identificar o transtorno, uma vez que o problema foi descrito há poucos anos e a preocupação com a aparência e a prática de atividades físicas são aspectos valorizados na nossa cultura. "Isso contribui para dificultar a identificação do problema e retardar a busca de tratamento", explica ela.
O diagnóstico, segundo ela, é clínico e feito por profissional da área da saúde. O tratamento pode incluir acompanhamento com psiquiatra, nutricionista e psicólogo. "A adesão ao tratamento é um complicador para pessoas com vigorexia, já que muitos métodos propostos podem acarretar na perda de massa muscular", lamenta Cibely. Ela acrescenta que a psicoterapia inclui identificar e alterar padrões distorcidos de autoimagem, trabalhar questões relacionadas à autoconfiança, autoestima, ansiedade, introdução de hábitos mais saudáveis, etc. (Com Bonde)