A relação entre o aparecimento de doenças e as alterações no clima tem sido relatada por diferentes estudos. O surgimento dessas patologias está ligado, na maioria das vezes, à variação de temperatura. Entenda.
Relação entre mudanças climáticas e doenças
Em pesquisa feita pelo Hospital Albert Einstein e pela a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), verificou-se que, em São Paulo, a sazonalidade de algumas doenças está diretamente relacionada à temperatura, mas também a outros fatores climáticos. Eles podem influenciar no aparecimento de enfermidades, ou mesmo intensificar seus efeitos.
De acordo com o estudo, entre a população acima de 65 anos, considerada grupo de risco para variações climáticas, foram constatados índices como 40,1% de óbitos por doenças circulatórias e 16,3% por doenças respiratórias, entre os meses de maio e agosto do período observado, quando as temperaturas médias são mais baixas na cidade.
Também foi detectado um índice de mortes de 19,8% por neoplasias, ou seja, relacionadas com algum tipo de câncer. Por outro lado, na análise dos dados sobre óbitos por infarto, constatou-se haver menor mortalidade quando a temperatura ficava entre 21,6° e 22,6°C, bem como nos dias em que a umidade relativa do ar era maior.
Temperatura como fator preponderante
O estudo ajudou a constatar que a variação de temperatura tem maior influência nesses casos que a sazonalidade. Ou seja, sua atuação nesses quadros depende mais da amplitude térmica que da época do ano.
Um exemplo disso se dá no caso do AVC do tipo hemorrágico. A pesquisa comprovou que há uma maior incidência da doença quando há maior variação entre a temperatura mínima e a máxima no mesmo dia.
Bento Fortunato dos Santos, um dos idealizadores da pesquisa, adverte que, entre as moléstias com maior agravamento devido ao clima, estão: doenças isquêmicas, hipertensivas e cerebrovasculares; gripe e pneumonia; outros problemas relacionados às vias aéreas; infecções; doenças infecciosas intestinais.
Documento prevê aumento nas temperaturas
Se o aumento na temperatura é um responsável pelo aparecimento de doenças, as mudanças climáticas que ainda estão por vir são motivos de preocupação para a população mundial.
Segundo o Núcleo Latino-americano da Rede de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Urbanas, todas as cidades no planeta terão suas médias de temperatura aumentadas entre 1ºC e 4ºC até 2018. No Rio de Janeiro e em São Paulo, por exemplo, a previsão é de que o crescimento seja de 3,4ºC e 3,9ºC, respectivamente.
Além do aumento nos termômetros, as capitais fluminense e paulista também terão, até a data prevista, crescimento no volume de chuva e no nível do mar.
Para diminuir esses impactos, a recomendação dos especialistas é reduzir a emissão de gases do efeito estufa, principalmente da queima de combustíveis, além de investir em projetos que reduzam impactos e desastres - entre eles, a criação de parques e de tetos verdes nos prédios.
Segundo a professora do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio) Cecilia Herzog, essas estratégias facilitam a absorção de água da chuva e retêm a umidade do ar, combatendo efeitos como ilha de calor e capturando o gás carbônico.