Pesquisadores da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, manipularam o tamanho de mosquitos machos e estudaram seus descendentes a partir dessa variável. Eles descobriram que o tamanho dos descendentes era mais influenciado pelo primeiro macho com o qual a mãe havia acasalado do que pelo segundo, que era o pai. "Essa descoberta complica toda a nossa visão de como a variação é transmitida através das gerações, mas também abre novas possibilidades e caminhos de pesquisa. Quando pensamos que tínhamos entendido tudo, a natureza nos mostra o quanto ainda temos a aprender", afirma Angela Crean, professora de ciências biológicas da universidade e uma das autoras do estudo.
Os cientistas acreditam que esse efeito é causado por moléculas no fluido seminal do primeiro parceiro, que são absorvidas pelos óvulos ainda imaturos da fêmea, de forma a influenciar os descendentes que um futuro parceiro vai produzir. Tendo produzido mosquitos machos grandes e pequenos, por meio de um controle de sua dieta, os pesquisadores fizeram com que as fêmeas, ainda imaturas para a reprodução, copulassem com um macho e, quando já estavam maduras, copulassem com outro. Os descendentes foram estudados, e os cientistas descobriram que, apesar de terem sido gerados pelo segundo macho, seu tamanho era determinado pelo parceiro com o qual a mãe tinha copulado anteriormente.
"Nós ainda não sabemos se isso se aplica a outras espécies", explica Angela. Apesar dos grandes avanços na genética, muitas questões permanecem sobre como algumas características são herdadas. A ideia de que o macho pode deixar uma marca no organismo da parceira que venha a influenciar seus descendentes, conhecida como telegonia, é atribuída ao filósofo grego Aristóteles. Ela foi uma preocupação da realeza até por volta de 1300, se tornou uma hipótese científica popular nos anos 1800 e foi defendida por Charles Darwin até ser rejeitada no início do século XX, por ser incompatível com o conceito de genética. (Com informações, Veja)