Isabel, outra representante da OAB e o advogado dos suspeitos, Roberto Rolim de Moura Júnior, visitaram três dos suspeitos nesta quarta-feira à tarde, na Casa de Custódia de Araucária (região metropolitana de Curitiba).
"Um dos suspeitos não estava lá porque foi mandado ao Complexo Médico Penal, pois estaria evacuando sangue [com suspeita de perfuração intestinal]", disse Isabel. "Em outro, com quem conversamos, chega-se a ver, nas mãos, os ossos, por conta das feridas. E ele está surdo, possivelmente com o tímpano rompido", disse.
"É lamentável que ainda assistamos coisas como essas. São acusações [de tortura] muito graves. A comissão tomou os depoimentos deles, que serão encaminhados às autoridades competentes, e acredito que será emitida uma posição da OAB", afirmou Isabel.
Falando à rádio CBN na saída da Casa de Custódia, Rolim de Moura disse seus clientes alegam inocência, mas que assumir a culpa foi "a única fórmula que eles tiveram para suspender as agressões".
"[À OAB] Eles confirmaram que foram torturados em todas as delegacias onde foram custodiados [em Colombo, depois Campo Largo, Araucária, Comando de Operações Policiais Especiais e Casa de Custódia de Piraquara]."
À "Gazeta do Povo", o advogado diz que seus clientes relataram torturas em pau-de-arara e até empalamento. Ele irá pedir, nas próximas horas, a soltura dos suspeitos.
O UOL apurou que a OAB teve dificuldades para conversar com os presos. Inicialmente impedido de entrar na Casa de Custódia, o grupo só teve acesso aos suspeitos da morte de Tayná após interferência do presidente da OAB-PR, Juliano Breda, que telefonou à secretária estadual da Justiça, Maria Tereza Uille Gomes.
A reportagem relatou as acusações dos suspeitos à Secretaria Estadual da Segurança Pública, mas não obteve retorno até o fechamento deste texto, às 16h30.
Em nota, o MPE (Ministério Público Estadual) informou que "denúncias veiculadas sobre ocorrência de tortura dos suspeitos serão investigadas em procedimento independente" ao inquérito sobre a morte de Tayná.
O caso
Sérgio Amorin da Silva Filho, 22, Paulo Henrique Camargo Cunha, 25, Adriano Batista, 23, e Ezequiel Batista, 22, foram presos poucos dias após o desaparecimento de Tayná. Foram apresentados à imprensa após terem confessado o crime, segundo a polícia – apenas Ezequiel negou a autoria, mas teria admitido ter testemunhado o estupro e o asssassinado da garota.
Nesta terça (9), porém, a Secretaria da Segurança Pública informou que o sêmen encontrado nas roupas íntimas de Tayná não é de nenhum dos quatro suspeitos presos.
Na semana passada, uma perita da Polícia Civil dissera que não havia sinais de estupro, pela maneira como a garota estava vestida. Na terça, ao chegar para uma reunião sobre o caso, Jussara Joeckel reafirmou que "não há marcas de estupro ou abuso, nem fissuras" nos órgãos genitais da garota.
Apesar disso, o delegado-chefe da Divisão Metropolitana da Polícia Civil, Agenor Salgado, disse que os suspeitos permanecerão presos. "É lógico [que não serão soltos]", falou, apesar de admitir que pode ter havido erro nas investigações.
"Qualquer pessoa é passível de erro. Mas os delegados [Fabio Amaro, responsável pela investigação, e Silvan Pereira, que prendeu os suspeitos e afirmou que eles confessaram o crime] estão convictos do trabalho que fizeram", disse.
Fonte - UOL