Os dados fazem parte do estudo “Tolerância social à violência contra as mulheres”, realizado pelo “Sistema de Indicadores de Percepção Social”. Para mais de 63% dos entrevistados (considerando aqueles que concordam total oi parcialmente), o homem deve ser a cabeça do lar. A chance de os homens concordarem total ou parcialmente com tal afirmação é 1,7 vez maior do que a das mulheres.
O estudo também mostra que a maioria concorda que homem que bate na esposa tem que ir para cadeia (89% concordaram total ou parcialmente), mas 78% dos entrevistados também afirmaram que “em briga de marido e mulher, não se mete a colher”. A aparente contradição, segundo o estudo, acontece porque os entrevistados mostram aderir “majoritariamente a uma visão de família nuclear patriarcal, ainda que sob uma versão contemporânea. Nessa visão, embora o homem seja ainda percebido como o chefe da família, seus direitos sobre a mulher não são irrestritos, e excluem as formas mais abertas e extremas de violência”.
Um quarto dos entrevistados também concordaram total ou parcialmente que “mulher que é agredida e continua com o parceiro gosta de apanhar” e o mais preocupante: 65,1% dos que responderam ao questionário concordam que mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas (22,4% concordaram parcialmente e 42,7% totalmente).
"Os principais resultados aqui apresentados indicam uma ambiguidade nos discursos. O primado do homem sobre a mulher ainda é bastante aceito pela população, mas a violência física não é tolerada", afirma a conclusão do estudo. "No entanto, no que toca à violência sexual, a maioria das pessoas continua a considerar as próprias mulheres responsáveis, seja por usarem roupas provocantes, seja por não se comportarem 'adequadamente'", completa.
Um outro estudo também divulgado pelo Ipea estima que haja anualmente 527 mil tentativas ou casos de estupros no país, dos quais somente 10% são reportados à polícia.
Via Bem paraná