Ao todo, 42 mil alevinos da espécie jundiá (bagre) estão sendo soltos nos reservatórios da usina de Salto Santiago e Salto Osório. Autoridades do município, representantes da Unioeste e Tractebel participaram do evento que soltou 2.560 peixes na região de Porto Barreiro.
Leocir Scopel, gerente regional da Tractebel, resumiu o trabalho que está sendo feito. “Esse projeto é resultado de um estudo que começou em 2003, numa parceria entre a Tractebel e Unioeste, através de uma equipe do curso de engenharia da pesca, nos reservatórios do Rio Iguaçu. Com isso, percebemos que algumas espécies estavam com ameaça de extinção e com dificuldades de se manter. Em 2010, lançamos um livro que se chama Peixes do Baixo Iguaçu, onde foram listados 106 peixes que foram mapeados no rio, inclusive, peixes que não se conheciam”, disse. Ele ainda destacou que essa era a segunda soltura de alevinos. “Em 2012, começou-se esse novo estudo de criação de peixes para poder fazer o repovoamento. Muito se fala, mas temos que ver se conseguimos fazer isso. Você não tem estoques em algum lugar para poder trazer para cá e repovoar. Agora, já estamos colhendo alguns frutos. No ano passado, já soltamos 5 mil peixes em Salto Santiago e 5 mil aqui em Osório. Agora, já conseguimos 42 mil nesse lote e os peixes foram divididos nas duas usinas. Estamos muito satisfeitos com esse resultado”, completa.
Robbie Allan, professor da Unioeste e um dos idealizadores do projeto, explicou a importância daquele ato. “O que vocês vão fazer hoje é como se fosse plantar novamente uma árvore. Aqui, onde vocês veem esse lago, era um rio. Esses peixes que estão aqui existem no rio, mas têm dificuldade de crescer, alguns deles estão indo embora porque não acham mais fêmeas aqui. E a gente está plantando, de novo, o peixe no Rio. “O projeto ainda está preocupado na construção de um banco genético, para a gente conservar esses peixes através do sêmen congelado. Se daqui a 100, 200 anos a espécie acabar, a gente vai poder descongelar esse material e ter o peixe mais uma vez. O projeto também busca não trazer peixes de outros lugares que podem causar um impacto ambiental aqui no reservatório. Isso tudo vai melhorar o rio e o ambiente de vocês”, concluiu.
Fotos - Jonatha Silva
A prefeita de Porto Barreiro, Marinez Crotti, elogiou a iniciativa e colocou a prefeitura a disposição. “Temos que agradecer pela oportunidade de estar junto com a Tractebel buscando essa alternativa a mais para os nossos lagos. Aqui temos espécies que não existem em outros lugares do mundo, por isso, é importante a gente preservar, dar continuidade a isso. Queremos cada vez mais ampliar a quantidade de animais no rio e estamos de braços abertos para o que precisar. Podem contar sempre com o nosso apoio”, conclui.
Neste momento está sendo trabalhado cinco espécies mais críticas de peixes nativos do Rio Iguaçu, ou seja: duas espécies de jundiá, conhecida como bagre, o lambari do rabo vermelho, conhecido como lambarizão, o mandi pintado e o surubi do Iguaçu, que também são nativos do Rio Iguaçu e estavam em situação mais complicada. O projeto, em essência, consiste na captura desses peixes, que são levados para Toledo, onde foi construído um laboratório específico na Unioeste e são produzidas as larvas desses peixes. Esses peixes são trazidos para açudes escavados, e produtores rurais colocam esses peixes para crescer até chegar ao ponto de soltura. Quando se chega no tamanho desejado, uma parte fica com o produtor e outra vem para o repovoamento aqui no Rio Iguaçu.
Por Placido Damiani (RCA)