O prefeito teve a prisão temporária pedida pela PF, mas negada pela Justiça. No documento em que a prisão dele é solicitada, a polícia pede que Reni Pereira seja afastado do cargo e proibido de entrar na prefeitura para não atrapalhar as investigações.
Os investigadores dizem ter gravações que mostram que o chefe do Executivo usou sua influência política para neutralizar uma investigação da Câmara sobre os desvios na prefeitura.
Conforme a PF, o acordo previa cargos públicos para pessoas indicadas pelos vereadores.
Em transcrição do pedido de prisão da PF, há um diálogo sobre os possíveis cargos oferecidos entre o prefeito e o ex-secretário de Tecnologia de Foz, Melquizedeque Souza, considerado o homem de confiança de Pereira e operador do esquema.
O prefeito diz: "Consegui resolver metade das nomeações dos vereadores". Malquizedeque pergunta: "Conseguiu?". Reni Pereira completa: "É, mas vamo ter que arrumar função pra eles, ficou tudo como assessor especial (sic)".
Melquizedeque Souza deveria prestar depoimento nesta segunda-feira (9), mas preferiu ficar em silêncio, por orientação dos advogados.
Ainda segundo as investigações, ainda há a possibilidade de a mulher do prefeito, a deputada Cláudia Pereira (PSC), ter participado do esquema. A PF pediu para fazer buscas em vários endereços dela e que ela fosse conduzida para prestar depoimento. O pedido também foi negado pela Justiça.
Sem filmagem
A defesa do prefeito Reni Pereira pediu à Justiça que o prefeito não fosse filmado durante a Operação Pecúlio, a fim de "preservar a imagem pública dele" porque ele se dedica "a atividade político-partidária".
O desembargador do Tribunal Regional Federal Márcio Antônio Rocha, no entanto, não aceitou o argumento do prefeito. Na decisão, ele afirma que a "publicidade na investigação é direito de todo cidadão e serve de ferramenta para controle da administração".
Justiça nega revogação de prisões
A Justiça também revogou, nesta segunda-feira, o pedido de revogação das prisões de Rodrigo Becker, ex-secretário de Planejamento e ex-gerente regional da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), e do empresário Euclides Moraes.Conforme as investigações, Becker seria "laranja" do prefeito Reni Pereira. Na decisão, o juiz Pedro Carvalho Aguirre Filho cita que ele teve "uma vertiginosa elevação de sua movimentação financeira a partir do ano de 2012, o que permite inferir que pelas contas bancárias dele estão circulando recursos oriundos de desvios da prefeitura de Foz".
O juiz ressalta que a "movimentação financeira [de Becker] coincide com o início do mandato do prefeito Reni Pereira".
O advogado de Rodrigo Becker e de Euclides de Moraes informou que ainda hoje deve entrar com pedido de habeas corpus no Tribunal Regional Federal.
Outro lado
A reportagem entrou em contato, por e-mail e por telefone, com o advogado do prefeito Reni Pereira e com a assessoria de comunicação da prefeitura. Nem o advogado nem a assessoria deram retorno.
O presidente da Câmara de Foz do Iguaçu, Fernando Duso, informou que cada vereador responde pelos seus atos durante o mandato. A Câmara, como instituição, disse que só vai se manifestar quando tiver todos os detalhes da denúncia.
Em nota, o advogado do ex-secretário Melquizedeque Souza disse que só vai se manifestar quando a defesa tiver acesso ao processo. (Com G1)