Segundo Antônio João Agostinho, de 43 anos, o filho estava na frente da casa da avó, que é vizinha de um policial, por volta das 19 horas, quando o cabo Gílson de Souza Teixeira passou de carro e iniciou uma discussão.
Ao perceber a confusão, a família saiu para separar a briga. Ao ver que o PM estava armado, a mulher de Agostinho, Jurema Cristina Bezerra, de 39 anos, pegou o celular para registrar o ocorrido. Neste momento, o policial atirou. Ela foi atingida por três tiros no peito. "Ela queria gravar para levar na Corregedoria da PM. Não era a primeira vez que ele ameaçava alguém da família", contou o marido de Jurema.
A nora de Jurema, Gabriela Rocha Leite, de 18 anos, que estava grávida de seis meses e com o filho de um ano no colo, foi alvejada na barriga e no rosto. Um irmão de Jurema de 17 anos foi atingido de raspão nas costas.
As vítimas foram levadas para o pronto-socorro do Jaçanã. Jurema já chegou morta ao hospital. Gabriela passou por uma cesárea e uma cirurgia para retirada das balas. Seu estado de saúde é estável e o bebê está internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) neonatal. Já o adolescente passa bem.
Mãe de cinco filhos, Jurema era bacharel em Direito, recém-formada em farmácia e cursava o terceiro ano do curso de odontologia. O policial fugiu de carro do local, mas se entregou no 73º DP no fim da noite. Ele foi preso e será encaminhado para o presídio Romão Gomes, da PM.
CASO ANTIGO
Agostinho contou que a briga entre o policial e a família acontece há mais de um ano. O motivo inicial seria uma casa em um conjunto habitacional que a sobrinha de Jurema recebeu, mas que, de acordo com ele, já estava ocupada pela irmã do policial. No dia em que receberia a casa, Jurema e o filho acompanharam a sobrinha. Houve uma discussão entre as famílias e Jurema foi agredida por Gilson. Na época, Jurema fez o boletim de ocorrência na 73º DP e comunicou o batalhão em que o policial atuava. Segundo Antônio, ameaças ao filho e ao cunhado eram frequentes. "Vou enterrar minha esposa de forma digna e depois procurar Justiça, porque a justiça tem que ser feita", afirmou. A Polícia Militar não se pronunciou sobre o caso. A reportagem não conseguiu contato com a defesa do policial. (Com Folhapress)