Terça, 17 Dezembro 2013 08:48

Bíblia vira pauta em sessão da Câmara de Cascavel

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Era a penúltima sessão ordinária da Câmara. Pauta lotada com 10 assuntos diferentes. De aumento do IPTU a alteração no código tributário da cidade. Mas imaginem onde foi parar a discórdia? Na Bíblia!

 

O ponto da discórdia, estranhamente, não foi o quanto o contribuinte irá pagar mais de IPTU no ano que vem, e nem o aumento na alíquota do ISSQN que saltou de 2% para 3% para profissionais liberais da área de saúde. A discórdia foi sobre a Resolução 021/2013, que prevê a possibilidade do presidente da Câmara conceder até três minutos para a leitura de uma passagem da Bíblia, desde que solicitado por um dos vereadores.

 

 

Estranho debate porque a Bíblia é o livro sagrado dos cristãos e no Brasil representa ou está presente em 88% dos lares brasileiros, ou seja. A imensa maioria é católicos, evangélicos, espíritas ou outras designações que têm como ponto de partida para sua filosofia religiosa, a Bíblia. Para os cristãos é um conjunto de textos escritos através da inspiração divina e que contém as doutrinas que orientam o comportamento dos cristãos.

 

Celeuma

 

Toda a celeuma teve como ponto de partida a manifestação contrária do vereador Paulo Porto (PCdoB), que defendeu o Estado laico (ou secular), que tem por conceito a neutralidade do Estado em relação às questões religiosas, não apoiando nem se opondo a nenhuma religião. “Eu sou contra e votei contra. O Estado não pode optar por uma religião. Quando faz isto, temos problemas como em países muçulmanos, ou mesmo na Irlanda. Eu estou preparando uma emenda para a votação de hoje, que deve garantir espaço igual para outras filosofias religiosas também terem seu espaço. Como disse Gandi, ‘todas as religiões caminham para o bem’. Que todas sejam abrigadas então”, defendeu.

 

Defensores

 

Na outra ponta, a chamada bancada da hóstia, formada por vereadores ligados ao catolicismo, e a bancada evangélica revezaram-se na defesa da Resolução que abre espaço para a leitura da bíblia antes do início de cada sessão legislativa.

 

Quem puxou o coro favorável à leitura da Bíblia foi o vereador Fernando Winter (PTN), que atacou frontalmente o vereador Paulo Porto. “Ouvi dizer que o senhor foi voluntário de Igreja Católica na Amazônia e agora vêm aqui e pede voto contrário a um projeto que só quer o bem. Eu sinceramente não consigo entender o senhor”, provocou Winter.

 

Para o vereador do PTN, ser cristão é ter as mesmas atitudes de Jesus Cristo. “Eu não vejo onde isto irá ferir o Estado Laico, ou quem quer que seja. Eu sinceramente não sei onde está o problema”, argumentou.

 

O vereador Pedro Martendal também se postou contra Porto e argumentou que a lei não obriga a leitura e está só ocorrera se solicitada. “Não prejudica em nada. Pelo contrário, faz Bem. Irá fortalecer o ambiente e a nossa causa. Eu respeito a opinião do vereador Paulo Porto, mas entendo que é uma opinião equivocada”, pronunciou.

 

O vereador Rômulo Quintino (PSL), argumentou que o Brasil é um país quase que na totalidade cristão. “A maioria ou é católica ou é evangélica. Só estamos falando da palavra de Deus e isto não pode e não cria nenhum mal”, disse.

 

Também se revezaram opinando sobre o tema os vereadores Nei Haveroth, Paulo Bebber e Gugu Bueno. No entanto quem melhor definiu a celeuma foi o próprio presidente da Câmara, vereador Marcio Pacheco, que classificou a celeuma como desnecessária. “Temos 21 vereadores e 19 assinaram de antemão favorável a Resolução. Será que temos 19 equivocados?”, alfinetou para isolar apenas o vereador Paulo Porto como voz contrária à resolução. Pacheco sugeriu a apresentação para hoje de uma emenda tornando a resolução mais democrática e estabelecendo a critério do presidente a leitura de outros textos edificantes, desde que versem sobre paz, perdão, respeito e amor ao próximo. “Pode ser outro texto que não seja da bíblia. Há músicas e poemas edificantes. A Bíblia é o livro de Deus e uma palavra direcionada aos cristãos, que nada fere as outras religiões”, defendeu o presidente que segundo rumores de bastidores tenciona também a aprovação de resolução para fixar um crucifixo no Centro do Plenário da Câmara.

 

Finalizada a votação, todos os projetos foram aprovados, com exceção do Projeto de Lei 175/2013, de autoria do vereador Aldonir Cabral e que trata da realização de cursos para manipulação de alimentos para vendedores autônomos, tipo cachorro-quente na cidade. Inclusive o projeto de resolução sobre a leitura da Bíblia antes das sessões acabou aprovada por 18 votos favoráveis e um contrário, o do vereador Paulo Porto.

 

Extraordinária

 

Os vereadores voltaram a se reunir ontem à tarde para a primeira sessão extraordinária e exclusiva para a votação da Lei Orçamentária Anual, projeto de Lei 211/2013, que estima receitas e fixa despesas para o exercício de 2014. No entanto a votação foi relativamente tranquila e o projeto acabou aprovado por 17 votos favoráveis e apenas dois votos contrários, dos vereadores Rui Capelão e Jorge Menegatti. O debate maior para a LOA deve ficar para a quarta-feira pela manhã, quando ocorrerá a votação das 39 emendas apresentadas pelos vereadores.  Os vereadores voltam a se reunir hoje (17), a partir das 14h30 para a segunda votação dos projetos constantes na pauta da sessão ordinária de ontem.

 

 

 

 

 

Fonte - CGN Notícias

 

 

 

Pryscila Arrosi

Formada em Jornalismo pela Univel desde 2009, começou a fotografar em 2006 com aulas de foto na faculdade, daí então se apaixonou pela arte de eternizar momentos e levou a fotografia para o dia a dia. 

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