Segunda, 11 Novembro 2013 23:29

Paraná tem pelo menos 120 mil alunos “atrasados”

Segundo o Censo Escolar, eles têm entre 15 e 17 anos mas ainda cursam o Ensino Fundamental.

 

Que tipo de currículo pode motivar os 3,1 milhões de jovens de 15 a 17 anos, com idade para cursar o ensino médio, mas ainda no ensino fundamental, a continuar estudando?

 

Os caminhos para enfrentar esse problema ou as respostas estão sendo discutidos em seminário promovido pela Secretaria de Educação Básica (SEB) do Ministério da Educação, até quarta-feira, 13, na sede do Conselho Nacional de Educação (CNE), em Brasília. Segundo o Censo do ano passado, pelo menos 120.658 alunos paranaenses entre 15 e 17 anos ainda cursam o Ensino Fundamental e por isso correm um grande risco de abandonarem os estudos.

 

Dados do Censo Escolar de 2012 mostram que, dos 3.102.442 jovens de 15 a 17 anos que cursavam o ensino fundamental naquele ano, 2.593.519 residiam em cidades, contra 508.872 em áreas rurais. No mapa das cinco regiões do país, alguns estados mostram grande concentração de estudantes retidos no ensino fundamental. Na região Sudeste, São Paulo é o que soma o maior número de jovens em tal situação — 384,6 mil, dos quais 377,6 mil em áreas urbanas, conforme a tabela. No Nordeste, a Bahia tem 325,2 mil alunos com 15 a 17 anos ainda no ensino fundamental (237,2 mil em áreas urbanas). Na região Norte, o Pará aparece com 201,7 mil nessa situação (128,8 mil em áreas urbanas). No Sul, o Rio Grande do Sul é o estado com mais alunos nessa condição. São 155,9 mil (138,3 mil nas áreas urbanas). No Centro-Oeste, Goiás tem 89,9 mil desses estudantes (85,5 mil em áreas urbanas).

 

O problema do abandono dos estudos e da evasão preocupa os educadores e responsáveis pelas políticas públicas. De acordo com o Ministério da Educação (MEC), a evasão atinge 6,9% no Ensino Fundamental e 10% no Ensino Médio (3,2 milhões de crianças e jovens, segundo dados de 2005). São mais 2,9 milhões (dados de 2007) que abandonam as aulas num ano e retornam no seguinte, engrossando outro índice preocupante: o da distorção idade e série.

 

Há muitos motivos que levam o aluno a deixar de estudar - a necessidade de entrar no mercado de trabalho, a falta de interesse pela escola, dificuldades de aprendizado que podem acontecer no percurso escolar, doenças crônicas, deficiências no transporte escolar, falta de incentivo dos pais, mudanças de endereço e outros. Para serem minimizados, alguns desses problemas dependem de ações do poder público. Outros, contudo, podem ser solucionados com iniciativas tomadas ao longo do ano pelos gestores escolares e suas equipes.

 

 

CURRÍCULOS DIFERENTES SÃO A SAÍDA

 

O desafio do MEC, das secretarias de Educação dos estados, Distrito Federal e municípios e de universidades públicas, segundo o coordenador-geral do ensino fundamental da SEB, Ítalo Dutra, é criar currículos diferenciados e atrativos que motivem esses estudantes a concluir o ensino fundamental e a fazer o ensino médio. “Eles não são crianças. São jovens com experiência, que precisam de atendimento escolar motivador para seguir estudando”, afirma.

 

O trabalho conduzido pela Diretoria de Currículos e Educação Integral da SEB visa a incluir os estudantes de 15 a 17 anos, retidos no ensino fundamental por sucessivas repetências, em escolas com jornada ampliada ou educação integral. Este ano, 2.347 escolas públicas aderiram à ação denominada Mais Educação, destinada a jovens nessa faixa etária. O objetivo principal da iniciativa é orientar a criação de espaços escolares para o protagonismo juvenil.

 

Até 2012, de acordo com Dutra, a repetência escolar era mais acentuada nos anos iniciais do ensino fundamental, situação que deve ser modificada com o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, que começou a ser executado em 2013. Para ele, ao alfabetizar todas as crianças até os oitos anos de idade — o objetivo do pacto —, será estancada a distorção idade–série e reduzida de forma significativa a retenção de estudantes nos anos finais, como acontece hoje e é comprovado por dados do Censo Escolar.

 

O seminário Política de Adequação Idade–Ano Escolar para Jovens de 15 a 17 Anos Retidos no Ensino Fundamental reúne em Brasília os coordenadores do programa Mais Educação de todas as unidades da Federação e suas capitais. Participam também 30 estudantes e seus professores e representantes de universidades públicas e das secretarias Nacional da Juventude e de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, ambas da Presidência da República.

 

 

AÇÕES DESCENTRALIZADAS FAZEM MILAGRES NO PARANÁ

 

No Paraná, 441 escolas estaduais comemoram as mudanças que o Plano de Ações Descentralizadas (PAD) trouxe para a melhoria da qualidade da educação. Os diretores também destacam a presença constante das equipes dos Núcleos Regionais de Educação e o diálogo com foco no ensino e na aprendizagem. Desde que o plano foi implantado, em agosto de 2013, a Secretaria de Estado da Educação presta atendimento personalizado para suporte pedagógico e ajuda as escolas a resolverem demandas específicas do aprendizado dos alunos.

 

O Colégio Estadual Professor Alberto Krausse, em Almirante Tamandaré, tem cerca de 800 alunos matriculados e a principal dificuldade da unidade é a evasão escolar. Para mudar essa realidade, houve uma maior aproximação entre a equipe pedagógica e os professores. Também foram organizadas conversas com os alunos para incentivá-los aos estudos. “De certa maneira o PAD está sendo um estímulo para nós, tanto para os professores como para os alunos”, comentou a diretora Rosélia de Fátima Furquim.

 

Rosélia conta que o PAD é um instrumento que teve bastante aceitação na escola. “Principalmente porque existe uma presença maior do Núcleo Regional. Isso nos dá mais segurança para conversarmos sobre as medidas que queremos tomar”, disse a diretora sobre as visitas quinzenais da equipe da regional.

 

Em Telêmaco Borba, os profissionais da Escola Estadual Nossa Senhora de Fátima estão confiantes para atingir a meta proposta pelo coletivo da escola – baixar a aprovação de alunos pelo Conselho de Classe de 19%, em 2012, para abaixo de 9% este ano. Para isso, eles contam com o apoio do PAD. “O Núcleo tem nos acompanhado de perto. Estamos realizando as mudanças por etapas. É uma sequência. A nossa preocupação não é com notas ou índices, mas com a aprendizagem dos alunos. E isso requer mudanças de pensamentos para quebrarmos paradigmas”, ressaltou a diretora Zilda Caetano de Camargo Lima.

 

Para ela, o plano não compromete a autonomia das escolas. “O PAD nos trouxe um novo ânimo. Há uma interação muito boa entre a escola, o Núcleo e a Secretaria da Educação. Esta troca de informações, de sugestões e de soluções é muito importante”, comentou a diretora, que espera que o plano tenha continuidade no próximo ano.

 

 

NA PRÁTICA

 

O Plano de Ações descentralizadas funciona com um Grupo de Articulação e Acompanhamento Estadual composto por 32 técnicos responsáveis por orientar as regionais. Nos Núcleos Regionais de Educação foram montados os Grupos de Articulação e Acompanhamento Regionais, que atendem dentro das escolas.  Cada técnico do Grupo Regional é responsável direto por, no máximo, cinco escolas e faz contato semanal com as unidades para acompanhar as ações. “O técnico é uma espécie de padrinho da escola que ajuda a encontrar respostas para superar as dificuldades e garantir que a aprendizagem do aluno aconteça de maneira adequada”, afirma a superintendente de Educação, Eliane Rocha.  O objetivo do PAD é contribuir para que os alunos tenham uma melhora na leitura, na interpretação de textos e na resolução de problemas que são a base para todas as disciplinas presentes nos currículos escolares.

 

 

 

 

 

Fonte - Bem Paraná

 

 

 

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