O aumento repentino pela demanda, há um ano, formou um acúmulo de moradores que necessitam de doações para voltar a enxergar melhor. São 186 pessoas à espera do procedimento. Estão aptos a receber o tecido 65 pacientes. Os 121 restantes são considerados semiativos - receptores que por algum motivo não podem se submeter à cirurgia neste momento.
No ranking brasileiro, o Paraná está em terceiro lugar em transplantes de córneas, com 585 procedimentos realizados nos seis primeiros meses do ano. No topo da lista está São Paulo, com 2.564 transplantes. Em segundo vem Minas Gerais, com 661. Os dados são da ABTO (Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos).
Na contramão da procura pelo tecido está o descarte de córneas doadas no Paraná. De janeiro a julho deste ano foram captadas 395, mas nem todas foram transplantadas aos pacientes que estavam na fila. Foram descartadas 136 córneas, um total de 34,4% das doações.
A Copott (Comissão de Procura de Órgãos e Tecidos para Transplantes) de Cascavel é a que apresenta o maior índice de descartes. Nos sete primeiros meses do ano, 42 foram desprezadas do total de 86 córneas doadas, ou seja, 48,8% das coletas não foram transplantadas. “Estamos em uma região endêmica. Existe a captação, as córneas passam por verificações. Quando há sorologia [confirmação de alguma doença] não é possível fazer o transplante”, explica a diretora da Copott Cascavel, Rosimeri Tomé.
A Copott de Cascavel abrange cinco regionais: 20ª, de Toledo, 9ª, de Foz do Iguaçu, 8ª, de Francisco Beltrão, 7ª, de Pato Branco, 10ª, de Cascavel. A área compreende 18 milhões de habitantes.
AVALIAÇÃO
Em 2012, foram 2.899 captações de córneas no Paraná. Foram descartados 1.153 tecidos oculares, desses 544 por sorologias e 609 por outros critérios médicos. “O profissional avalia se é possível utilizar a córnea. Por exemplo, não seria apropriado transplantar uma córnea de uma pessoa de 60 anos em um receptor de 20”, diz Rosimeri Tomé.
O critério de descarte de córneas é defendido pelos profissionais para garantir a qualidade final da cirurgia. “É preciso deixar claro que em casos de órgãos, a vida depende do transplante. Quando é o caso de tecidos [córneas], o transplante melhora a condição de vida. É preciso disponibilizar um tecido adequado, que garanta a eficácia final, e a pessoa tenha uma visão apropriada”.
Paraná tem 1,9 mil à espera de órgãos
No Paraná, são mais de 1,9 mil pessoas à espera de órgãos e de tecidos. No primeiro semestre, o Estado teve 289 potenciais doadores, conforme a ABTO (Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos). Apenas 106 doações foram efetivadas. A coordenadora das Políticas Estaduais de Transplantes e da Central Estadual de Transplantes do Paraná, Arlene Terezinha Cagol Garcia Badoch, avalia de maneira satisfatória o avanço do setor. “O transplante é um processo novo no Brasil. No Paraná, os funcionários que atuam no setor têm a função primordial identificar possíveis doadores. A regulamentação é recente, tem 15 anos. A transparência no processo trouxe confiança no sistema, avançando as doações”.
Distribuição de especialidades é avaliada
A Central Estadual de Transplantes do Paraná considera adequada a rede de hospitais credenciados para providenciar os procedimentos no Estado, mas aponta a necessidade de melhor redistribuição das especialidades. Um levantamento é feito em todo o Estado para avaliar o aspecto geográfico para o encaminhamento de pacientes. “A distribuição não é homogênea. Por exemplo, temos seis serviços de transplante de fígado. Todos estão credenciados em Curitiba e RMC. O número está acima do preconizado”, diz Arlene Badoch.
Fonte - O Paraná
