Terça, 13 Agosto 2013 09:51

Paraná - Geada negra cortou pela metade a colheita do café de 2014

Um milhão de sacas deixarão de ser colhidas no ano que vem. Crise pode estimular corte dos cafezais, mas também é vista como oportunidade de renovação.

 

 

A geada negra que atingiu o Paraná três semanas atrás terá reflexo direto na próxima safra estadual de café.

 

De acordo com estimativa da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab), um milhão de sacas de 60 quilos deixarão de ser produzidas em 2014, quantidade equivalente a 50% da produção. Parte dos cafezais está sendo cortada. O produtor Ronaldo Rosseto, de Mandaguari (Noroeste), derruba 50 mil de um total de 350 mil pés para replantio.

 

Apesar dessas perdas, a colheita de 2013 não terá redução drástica. Os grãos estavam em fase de maturação. A última previsão – de 1,7 milhão de sacas – deve ser mantida pela Seab. Com 60% das lavouras colhidas, o trabalho terminará no final de setembro. O café sempre rende mais a cada dois anos. Para 2014, a expectativa era de que o estado retornasse à casa de 2 milhões de sacas, ou 120 mil toneladas.

 

cafeicultura começou a enfrentar problemas climáticos há quatro meses, quando o excesso de chuva impediu a colheita na época ideal. O café secou no pé, provocando a queda das folhas. A massa de ar fria atingiu 80% dos 82 mil hectares ocupados com a cultura no estado.

 

“A perda pode ser ainda maior [do que 50% em 2014]. Estamos aguardando relatórios técnicos das regionais”, explica Paulo Franzini, técnico responsável pela área de café no Departamento de Economia Rural (Deral) da Seab.

 

Na Região Norte, que concentra 83% da área estadual de café e 85% da produção, a situação é pior. Segundo Luiz Roberto Saldanha Rodrigues, presidente da Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (Acenpp), as perdas alcançam 60% da produção de 2014. Em alguns municípios como Apucarana, Mandaguari e Grandes Rios, o estrago chega a 90%.

 

“A geada pegou as plantas com tecido novo. Alguns produtores terão que fazer poda e outros erradicar”, explica Rodrigues. “A renda do produtor está comprometida por até três anos”, complementa.

 

Mesmo com o futuro desalentador, o presidente da comissão técnica de cafeicultura da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Walter Ferreira Lima, acredita que o momento pode ser utilizado para uma virada da cultura no estado. “É hora de fazer a renovação da cultura e entrar na mecanização. Mas para isso é preciso recursos disponíveis”, diz.

 

O setor aguarda o anúncio de novas medidas de apoio por parte dos governos estadual e federal aos cafeicultores que continuarem na atividade. O governo federal anunciou, na semana passada, que os produtores poderão vender 3 milhões de saca à Companhia Nacional de Abastecimento por R$ 346/sc. A medida seria uma resposta ao momento de preços baixos.

 

A colheita deste ano deve render menos que o previsto aos cafeicultores. As chuvas derrubaram a qualidade do grão. “Além de receber menos pelo produto, o produtor terá o aumento do custo, pois precisa contratar pessoal para catar o café do chão”, afirma Rodrigues.

 

 

 

 

Fonte - Gazeta do Povo

 

 

 

 

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