Sábado, 01 Dezembro 2012 15:19

Todos os olhos de Wesley, o narrador cego

Sem enxergar desde que nasceu, locutor narra rodeios, comenta partidas de futebol e ainda bate uma bolinha.

Ele narra rodeios, comenta jogos de futebol, tem um filho de 1 ano, é jornalista e, em 2013, será o novo vereador de Marialva, no Noroeste do Paraná.

 

Nada muito impressionante se Wesley Araújo, 24 anos, não tivesse retinose pigmentar, uma doença que o fez nascer cego. Acostumado a atrair curiosos, para a pergunta principal ele não precisa nem de repórter. “Vai me perguntar como narro rodeios [risos]?”

 

Wesley usa um ponto eletrônico no ouvido, como aqueles que se veem em apresentadores de televisão, para realizar o que era seu sonho de infância. O sistema também é usado por um assessor do rodeio, que descreve a montaria. “Muita gente imagina que ele narra para mim, mas não é isso”, enfatizou. “Ele fala o seguinte: ‘Wesley, abriu, deu a solta. Está na direita, está na contra. Wesley, pode parar.’ Com essas informações eu floreio em cima e vou narrando.”

 

Com toda a preparação para os rodeios, a função de comentar sobre futebol fica até “fácil”. “Presto atenção no que o narrador fala. O futebol amador ainda dá a possibilidade de ouvir mais porque ficamos na beira do campo”, disse. Ele ainda joga futebol para entender melhor sobre posicionamento e toque de bola. “Gosto de jogar bola com o pessoal que enxerga mesmo. Nunca joguei com cegos. As vezes eles cruzam e dou a sorte de a bola pegar na canela e entrar no gol”, brinca.

 

Dentro de campo o jornalista é conhecido pelas firulas à la Neymar. “Nunca vou com o pé de chapa para tocar a bola e fazer o simples. Se fizer isso e errar, os outros vão dizer: ‘Poxa, o ceguinho é ruim mesmo'. Por isso tento toques de letra. Se errar é porque fiz o difícil, não porque sou ruim. Tudo isso ajuda a ter noção sobre o futebol.” Para narrar rodeio não foi diferente. Wesley já subiu em um boi para saber como se faz. “Mas nunca abri a porteira. Não sou louco!”, avisou.

 

 

Profissão

 

Wesley trabalhou em diversas rádios da região de Maringá, como a Rural FM de Marialva e a Liberdade FM de Mandaguari. Segundo vereador mais votado de Marialva, com 770 votos, o futuro na política é o grande sonho. “Um vereador é muito limitado. Política se ganha com uma história de vida. Hoje sonho em fazer um bom mandato como vereador. Amanhã, quem sabe, posso sonhar em ser prefeito ou até deputado.”

 

Um dos grandes desafios de Wesley foi comentar sobre futebol na televisão durante cinco anos, no Programa Show do Esporte, da RTV. Ele era o responsável por passar as informações sobre o esporte regional e os resultados do fim de semana. Sem ponto eletrônico, Wesley usava a grafia Braille para ler ao vivo. “Ele entende de futebol mesmo. É um estudioso, ouve muito rádio e televisão, realmente ama o que faz”, contou o comentarista Joniel Piassa, o Magrão, que participava do programa com Wesley. “Nunca o vi triste. Pelo contrário, a alegria dele sempre nos contagiava.” 

 

 

 

 

 

Fonte - Gazeta do Povo

 

 

 

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