Somente no caso da OLX, um dos maiores sites para compra e venda de produtos usados no país, os usuários venderam um total de 952.684 produtos no primeiro semestre deste ano, com um crescimento de 16,1% nas vendas com relação ao mesmo período do ano anterior, o que coloca o Paraná como o quarto principal mercado da plataforma.
Tal crescimento, segundo Marcos Leite, vice-presidente da OLX, evidencia uma tendência que veio para ficar. Como prova, cita a pesquisa Ibope Conecta feita para a OLX em 2016, a qual revelou que 91% da população brasileira possui itens sem uso em casa, sendo que 84% deles têm interesse em vender esses objetos que, juntos, somam o valor médio de R$ 4.267 por pessoa — e isso desconsiderando imóveis, veículos e barcos.
“O momento do Brasil tem ajudado. Com a crise, muitas pessoas que tinham uma certa barreira foram pela necessidade”, afirma o executivo. “Crescemos de 2014 para 2015, mas estamos crescendo ainda mais agora. Para o comprador é muito bom, porque as pessoas que querem comprar algo conseguem encontrar o mesmo produto, com alguns meses de uso, pagando até 70% menos”, complementa.
Luxo
Em Curitiba, outro case de sucesso é a empresa Troc, um e-commerce de compra e venda de roupas e acessórios de marcas premium que chegam a ter 70% de desconto do valor original. Lançado no final de 2016, a empresa tem registrado um crescimento mensal de 100% e conta com mais de 8 mil peças em estoque de marcas como Channel, Animale, Mixed e Dior. Fundada pelo casal Luanna e Henrique Domakoski, a empresa foi uma ideia surgida em universidades renomadas dos Estados Unidos em que eles estudaram.
“A crise não chegou. Na verdade até ajuda a gente. A ideia de criar o Troc até foi porque iríamos na contramão da crise, porque é uma oportunidade para o pessoal continuar comprando produtos de qualidade e gastando menos”, conta Henrique. “40% dos nossos clientes que compram pela primeira vez reincidem. 10% das nossas peças ainda estão com etiqueta e vendemos produtos em perfeito estado, cheirosos e embrulhados em papel de seda. Para Curitiba entregamos no mesmo dia”, complementa Luanna.
Sebos aproveitam para “engordar” acervo
Para os sebos de Curitiba, o impacto da crise econômica foi mais sentido e as vendas caíram até 20% na comparação com o ano passado. Por outro lado, acabou oportunizando o “engordamento” do acervo de obras, já que mais do que dobrou o número de pessoas dispostas a se desfazerem de suas relíquias para conseguir alguma renda.
“Aumentou demais a quantidade que temos avaliado de obras. O pessoal que tem algum material guardado, já não usa, vem procurar o sebo para levantar algum dinheiro”, conta Juscelino Gustavo de Oliveira, gerente do Sebo Kapricho, que somente em Curitiba possui um acervo com mais de 200 mil livros nas lojas que ficam na Rua Comendador Araújo, 432, e na Alfredo Bufren, 193, ambas no Centro de Curitiba.
Messias Gonzaga, funcionário do Sebo Relíquia, que fica na Praça General Osório, 389, confirma a tendência. “Aumentou muito o número de pessoas vendendo. Estão negociando até coleções inteiras, coisa do tempo dos bisavós. Na semana passada, por exemplo, comprei três bibliotecas grandes de coleção”, conta. (Com Bem Paraná)