Sexta, 17 Maio 2013 18:02

Se ritmo atual persistir, duplicação da 277 só ficará pronta em 2070

De Foz do Iguaçu a Paranaguá: são 730 km De Foz do Iguaçu a Paranaguá: são 730 km

Estratégica, rodovia ainda tem 471 quilômetros de pista simples.

 

Não é de hoje que líderes e especialistas em assuntos macroeconômicos informam que a falta de planejamento a investimentos em infraestrutura e logística é um dos grandes desafios à modernização da economia brasileira.

 

Um exemplo dessa apatia governamental está bem perto dos paranaenses e de quem vive no Oeste do Paraná. É a reclamada duplicação da BR-277 nos 730 quilômetros entre Paranaguá a Foz do Iguaçu. Um dos antigos caminhos ao escoamento das riquezas do Estado, ela foi concluída, no Extremo-Oeste, em 1969.

 

Não demorou para que a ligação, que corta dois dos mais importantes extremos do Paraná, virasse uma rodovia movimentada, corredor de riquezas e cenário de tragédias. Grande parte das commodities colhidas no Oeste, e também no Paraguai e Mato Grosso do Sul, bem como em outras regiões do Paraná, seguem ao Porto de Paranaguá, por ela. De tão estratégica para a economia do Estado e do Brasil, muitos entendem que sua integral duplicação já deveria estar pronta há anos. No entanto, o que se vê não é isso e essa bandeira para muitos não passa de sonho.

 

Caso o ritmo de duplicação da BR-277 siga, nas próximas décadas, o praticado nos últimos anos, a construção da pista dupla conectando os extremos ainda vai demorar. Se a média de oito quilômetros de duplicação/ano for mantida, para vencer os 471 quilômetros entre Matelândia e Ponta Grossa, ainda de pista simples, serão necessários 58 anos. Ou seja, a duplicação total dos 730 quilômetros estaria pronta somente em 2070. A média de oito quilômetros de duplicação por ano é extraída de trechos mais recentemente em obras, a exemplo dos 74 quilômetros entre Matelândia e Foz - considerando apenas o período de trabalho efetivo. O primeiro, entre Foz e Santa Terezinha de Itaipu, foi começado no início dos anos de 1990 e entregue em 1995. Depois disso ela seguiu em direção a Medianeira e então a Matelândia.

 

 

Demora prejudica competitividade 

 

O presidente do Sistema Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), Edson Campagnolo, considera que a demora na execução de empreendimentos estratégicos, a exemplo da duplicação da BR-277, tem custo dos mais elevados ao Paraná. “Essa conta é altíssima, porque reduz a competitividade dos nossos produtos, do setor primário às indústrias de ponta, e torna mais lento o processo de avanços sociais e econômicos”, lamenta Campagnolo, que é de Capanema e conhece bem as carências e as lutas pela duplicação da 277.

 

A pista simples em grande parte do trajeto da rodovia é apenas um dos problemas, conforme o presidente da Fiep. Outro é o pedágio, não a cobrança propriamente, mas a forma como alguns governos, a partir da metade da década de 1990, trataram do assunto. Edson Campagnolo se diz preocupado com as intenções de renovação do contrato, tema que ele entende que precisa ser aprofundado com todo o conjunto social do Estado. O que deve ficar preservado, e isso teria de ocorrer desde o início do processo de concessão, são os interesses essenciais da comunidade estadual - duplicações e outras obras.

 

O pedágio, de acordo com Campagnolo é importante à medida que passou para a iniciativa privada um serviço que o Estado demonstrou que não dava conta de bem executar. No entanto, as tarifas precisam ser justas e não podem penalizar a produção. “Um caminhão que trafega de Foz a Paranaguá, e que ainda enfrentará quase 500 quilômetros de pista simples, pagar R$ 1,5 mil em pedágio é um absurdo. Isso não existe em lugar nenhum do mundo”, lamenta o presidente da Fiep.

 

 

 

 

Por Jean Paterno - O Paraná

 

 

 

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