Terça, 01 Agosto 2017 15:03

Moro aponta 'lucros e dividendos expressivos' de Lula

Contra a medida, a defesa de Lula ajuizou mandado de segurança no TRF4, Corte federal que analisa recursos contra as decisões de Moro.

 

A defesa alegou, entre outros argumentos, 'ameaça à subsistência' do ex-presidente.

 

No ofício encaminhado ao desembargador João Pedro Gebran Neto, relator da Lava Jato no TRF4, Moro assinala que 'os bloqueios ordenados não impedem a percepção de rendimentos supervenientes pelo acusado'.

 

"Na última declaração de rendimentos do acusado disponível nos autos, constam declarados rendimentos provenientes de aposentadoria e ainda lucros e dividendos expressivos recebidos de pessoas jurídicas, verbas estas, em princípio, não afetadas pela ordem judicial", destaca o magistrado.

 

"Também ali declarados rendimentos financeiros expressivos, mas estes, necessário reconhecer, são afetados pelo bloqueio judicial", seguiu Moro. "De todo modo, informa-se que a pretensão de liberação dos valores sob esse fundamento, da necessidade para subsistência, não foi apresentada a este Juízo."

 

Moro destacou que o sequestro e confisco atingiu 'não só o produto identificado dos crimes, o aludido apartamento do Guarujá, mas também bens de valor equivalente ao total da propina paga, de cerca de R$ 16 milhões'.

 

O juiz da Lava Jato acentua que 'não foi possível identificar o seu (da propina) destino específico, eventualmente consumida para financiamento a eleições'.

 

A constrição foi ordenada também 'para garantir o ressarcimento dos danos provenientes do crime', segundo o juiz.

 

Moro assinalou que o Ministério Público Federal tem 'legitimidade concorrente ao da entidade pública especificamente lesada'.

 

"A constrição recaiu sobre imóveis e veículos do acusado, preservada, porém, a sua posse", seguiu Moro, nas informações ao TRF4. "Foi também preservada a meação do cônjuge sobre os bens imóveis, já que se trata de sequestro sobre bens substitutivos e arresto."

 

O bloqueio do Banco Central levou ao congelamento nas contas de R$ 660,7 mil. Moro já ordenou a transferência do montante para contas judiciais. "A medida não prejudica a livre movimentação das contas após a efetivação do bloqueio sobre o saldo do dia. Os valores bloqueados permanecerão em contas judiciais aguardando o trânsito em julgado."

 

O juiz acrescentou que a Brasilprev Seguros e Previdência comunicou bloqueio de R$ 7.190.963,75, em plano de previdência empresarial, e de R$ 1.848.331,34, em plano de previdência individual.

 

"Foi comunicado à Brasilprev que os valores devem permanecer bloqueados junto à própria empresa de previdência privada, sem movimentação ou resgate, até nova determinação judicial, o que só será feito após o trânsito em julgado."

 

"Observa-se que caso o bloqueio dos ativos bancários tenha inadvertidamente atingido verbas alimentares, pode-se proceder à liberação delas mediante requerimento da parte", ressaltou Moro. "Não houve requerimentos nesse sentido perante este Juízo até o momento."

 

O juiz anotou, ainda, que 'quanto à alegação de ameaça à subsistência, observa-se que os bloqueios ordenados não impedem a percepção de rendimentos supervenientes pelo acusado'.

 

A defesa de Lula também reclamou, via mandado de segurança, que outros condenados na mesma ação do triplex 'não sofreram as mesmas medidas'. A defesa citou o empresário José Adelmário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, e o executivo Agenor Franklin Magalhães Medeiros, ambos condenados no processo do triplex.

 

Sobre isso, Moro esclareceu o TRF5 que Léo Pinheiro e Agenor Franklin 'já tinham tido o seu patrimônio submetido à constrição em decorrência de ações penais e medidas cautelares pretéritas, sendo, portanto, desnecessárias novas'.

 

Moro finalizou."Quanto à reclamação da falta de demonstração de urgência, cumpre ressalvar que a lei não exige situação de urgência para as medidas assecuratórias patrimoniais do processo penal, já que o principal objetivo é recuperar o produto do crime. Era o que tinha a informar. Cordiais saudações." (Com UOL)

 

 

 

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