"Quando João Pedro conseguiu se acalmar ele contou para todo mundo o que havia ocorrido. Ele se desequilibrou do barco e caiu. Na hora, o meu filho se jogou na água para tentar salvar o amigo", explica a mãe de Artur, a estudante Marcia Bobsin, de 28 anos.
Artur era escoteiro e sempre dizia para a mãe que quando crescesse ajudaria muito as pessoas e os animais.
"Ele era um guri de ouro. Sempre preocupado com todo mundo. Meu filho se jogou no rio para salvar o amigo. Ele tem que ser lembrado como um herói", diz ela, emocionada.
Devido a primeira informação da ocorrência, de que os meninos estariam no rio caçando Pokémons, a família acabou virando alvo de manifestações de revolta nas redes sociais. Muitas pessoas culpavam os pais de Artur pela fatalidade.
" É muito doloroso ver que algumas pessoas acham que fomos negligentes. Meu filho nunca teve celular, porque eu acho que ele não tem idade para isso. Eu estudo à noite para ficar com ele durante o dia. Jamais o deixaria sair sozinho de barco. Foi um momento de distração, uma fatalidade", lamenta.
"Brincavam na frente de casa"
Marcia relembra que foi buscar os meninos na escola para levar para casa. Os dois estudavam na mesma turma. João Pedro ficaria na casa do colega, a pedido da mãe, porque ela viria a Porto Alegre resolver um problema pessoal. Chegaram em casa, Marcia deu almoço para os meninos e, logo depois, os dois foram para o pátio da casa jogar futebol.
"Os guris sempre faziam isso. Brincavam na frente de casa o tempo inteiro. É uma rua tranquila, todo mundo se conhece", afirma.
Porém, naquela tarde, Artur e João Pedro avistaram o portão da propriedade do vizinho aberto e resolveram entrar. Pelo terreno, era possível chegar no rio.
"O João Pedro disse que eles viram dois barquinhos e foram lá brincar. Logo aconteceu o acidente. De repente, ouvi gritos e o João correndo na minha direção todo molhado, dizendo que meu filho havia morrido afogado.
Celular
Segundo Marcia, a informação divulgada pela polícia, de que os meninos teriam um celular, é verdadeira. Foi encontrado um aparelho no local e João Pedro confirmou que seria dele. Porém, o aplicativo Pokémon Go não estava instalado no aparelho.
"Disseram que o celular nem era compatível com o Pokémon. Não sei de onde tiraram esse história do jogo", comenta.
O delegado Antônio Carlos Ractz Júnior, da DP de Imbé, conversou com os familiares da vítima e com o amigo. Foi apreendido um smartphone Alcatell One Touch Tixi, que estaria com os meninos, mas que não tem o aplicativo instalado. De acordo com o policial, os pais da vítima não devem ser responsabilizados pelo ocorrido.
Sepultamento
Bastante emocionada, durante o velório, Marcia reafirmou a importância da ajuda dos amigos e vizinhos na busca pelo corpo do filho. A estudante conta que entrou em desespero quando a procura foi finalizada, por volta das 19h, para ser retomada na manhã desta terça-feira.
"Se não fosse a persistência das pessoas que gostam da gente, que adoravam o meu filho, talvez não tivéssemos encontrado o corpo dele logo. Eu só queria encontrar o meu filho. Essas pessoas sentiram a minha dor e me ajudaram. Só tenho a agradecer o carinho".
O corpo de Artur foi enterrado às 14h no cemitério Municipal de Osório. (Com Diário do Gaúcho)