Sexta, 20 Maio 2016 15:33

Mulheres contam por que escolheram dizer 'não' à depilação no Rio

Cera quente, fria, lâminas e cremes depilatórios? Não, obrigada. No Rio, um grupo de mulheres deixou para trás a depilação e garante: prefere seus corpos assim, assumindo todos os pelos, sem dor nem desconforto.

 

A tendência de axilas, pernas ou virilhas peludas sem regras tem sido difundida com o auxílio de redes sociais e grupos feministas. Em entrevistas, adeptas do estilo falaram sobre as vantagens de não se depilar e o efeito de estranhamento que isso ainda causa em algumas pessoas.

 

A publicitária Julia Senna, de 23 anos, há dois resolveu deixar para trás a depilação. “No começo, eu ficava preocupada com o julgamento das pessoas. Incomodava que as pessoas ligassem isso à falta de higiene”, conta.

 

“Aos poucos, comecei a me libertar. Olhavam no ônibus e tal e percebi que, sei lá, ninguém tinha nada com isso. Depois usei blusinha em uma festa, depois com os amigos e família. Hoje não existe nenhuma situação que me cause constrangimento”, diz ela, que conta que cerca de 50% das meninas de seu convívio também não se depilam mais.

 

“Em grupos feministas no Facebook, fui tendo contato com a vivência de outras meninas que faziam o mesmo e percebi como simplesmente natural. Não fico tentando converter amigas nem nada, mas acho que é normal que você acabe naturalizando e aceitando melhor algo que você vê e por isso mais meninas vão aderindo, por ver mais”, opina.

 

A estudante de Relações Internacionais, Thaís Cordeiro, de 23 anos, que sempre foi alérgica à cera e à lâmina, conta que estar em grupos feministas também a ajudou a deixar, há mais de um ano, a depilação no passado.

 

“Sempre senti muita dor, desconforto, além de ser super caro, enfim: um saco. Influenciou bastante ver outras meninas, notei como a minha percepção de mim era totalmente diferente em relação a outras meninas. Eu não só não achava feio no corpo delas, como admirava”, conta ela.

 

Ela também garante que os olhares curiosos não a deixam constrangida. “Uma vez no aeroporto aqui no Rio, parecia que uma menina ia vomitar quando viu, foi engraçado. Quando percebo que alguém está olhando, faço questão de levantar o braço, me espreguiçar, deixo claro que o desconforto está na pessoa e não em mim”, afirma ela, que conta que foi questionada por amigas e pela família quando decidiu deixar os pelos naturais.

 

“O que o seu namorado acha disso?”, essa foi a pergunta que a estudante de moda Julia Souza ouviu da avó quando decidiu, em dezembro de 2015, que não iria mais se depilar. O namorado não se importou nem um pouco. E ela não só gosta como se sente mais protegida do assédio na rua.

 

“Uma vez eu estava passando em um bar e um cara ficou chamando de gostosa, falando gracinha. Levantei o braço e foi como um bloqueador de assédio instantâneo, ele ficou com uma cara de nojo e parou de falar na hora. Ótimo”, diz.

 

Julia Senna, no entanto, teve uma experiência desagradável. “Em janeiro deste ano, eu estava na praia da Barra, com a minha namorada, sem fazer nada, e um cara da barraca do lado começou a gritar, falando ‘olha o seu sovaco, é igual ao meu’. A crítica dele era pelo meu corpo ser como o dele! E ele ficou insistindo nisso, foram três horas dele falando, encarando até que ele resolveu ir embora”, relembra.

 

A sexóloga e professora da Uerj Regina Moura afirma que o aumento de meninas que vêm mantendo seus pelos tem a ver com a discussão feminista estar tão em voga atualmente. “Há a questão feminista e a retomada de estéticas mais naturais. Por exemplo, boa parcela das meninas negras já não alisam mais o cabelo, assumem seus blacks. Há um movimento de aceitar o corpo como ele é”, diz ela.

 

“Eu vejo como uma resposta a uma estética imposta, é uma maneira de se colocar no mundo que é diferente, que rompe com aquela imposta pela estética masculina", resume. (Com G1)

 

 

 

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