Quarta, 27 Agosto 2014 12:28

Bernardo gritava por socorro e era ameaçado por madrasta

Menino foi assassinado em abril; pai e madrasta estão presos pela morte.

 

Existência de vídeo foi revelada por delegada durante audiência na terça.

 

Um vídeo obtido durante uma perícia no telefone celular de Leandro Boldrini, pai do menino Bernardo, mostra uma briga entre a família e o garoto, assassinado em abril deste ano no Rio Grande do Sul. Na manhã desta quarta, dia 27, a RBS TV e o G1 tiveram acesso com exclusividade a um trecho em áudio do material, que será usado como principal prova pela acusação no processo da morte. As declarações são fortes. O menino de 11 anos foi assassinado em abril.

 

"Socorro, socorro, socorro", grita o menino, cinco vezes seguidas. "Vocês me agrediram, tu me agrediu", afirma Bernardo a Graciele.

 

Veja a transcrição (alguns trechos são inaudíveis)

 

Bernardo: Socorro.

Leandro: Vamos se acalmar. Vai para o teu quarto.

Bernardo: Socorro (...) vai me agredir. Socorro, socorro, socorro.

Graciele: (inaudível) Vai lá pedir socorro, vai lá.

Bernardo: Vão vocês!

Leandro: Quem que começou a fazer isso?

Bernardo: Vocês me agrediram, tu me agrediu.

Graciele: E vou agredir mais. A próxima vez que tu abrir a boca para falar de mim, eu vou agredir mais.

Leandro: Xingando ela. Ninguém merece ser xingado, né, rapaz.

Graciele: Eu vou agredir mais, eu não fiz nada em ti.

Bernardo: Fez sim. Tu me bateu.

Graciele: Tu não sabe do que eu sou capaz.

Bernardo: Tu me bateu.

Graciele: Tu não sabe.

Bernardo: Tu me bateu.

Graciele: Eu não tenho nada a perder, Bernardo. Tu não sabe do que eu sou capaz. Eu prefiro apodrecer na cadeia a viver nesta casa contigo incomodando. Tu não sabe do que eu sou capaz.

Bernardo: (inaudível) Queria que tu morresse

Graciele: Tu não sabe do que eu sou capaz. Vamos ver quem tem mais força. Aí nós vamos ver quem tem mais força.

Bernardo: Quando tu morrer

Graciele: É, vamos ver quem vai para baixo da terra primeiro

Bernardo: Tu. Tu vai

Graciele: Então tá, se tu tá dizendo.

 

O vídeo mostra um quarto, que parece ser do casal. O celular está posicionado em um canto. O menino Bernardo não aparece em um primeiro momento. É possível apenas escutar seus gritos, como se estivesse preso em outro espaço da casa. Ele pede socorro e diz que foi agredido.

 

Depois, o menino já está no mesmo quarto que Leandro e Graciele. No local é possível ouvir o diálogo onde Graciele diz que prefere ver o menino morto a conviver na mesma casa. Mais para frente, Bernardo dá a entender que está olhando para a rua. Ele diz ao pai e a madrasta que há pessoas na rua olhando para casa e, momentos depois, a polícia chega.

 

Leandro, então, vai conversar com a Brigada Militar, enquanto Graciele instiga o menino. Ela o chama de “cagão” e “froinha”, por não ter ido reclamar à polícia. Bernardo começa a gritar dentro de casa dizendo que o casal o agrediu. O vídeo tem em torno de 30 minutos. No final, Graciele dá um medicamento para dopar o menino e a voz da criança fica diferente, mais lenta e calma.

 

Segundo a delegada Caroline Bamberg, as imagens foram gravadas pela madrasta com a intenção de dizer que Bernardo era agressivo com a família. O arquivo havia sido apagado do celular de Leandro, mas foi recuperado por técnicos do Instituto-Geral de Perícias.

 

Primeira audiência foi na terça-feira, em Três Passos

 

Quatro testemunhas foram ouvidas na terça, dia 26, na primeira audiência do processo sobre a morte do menino Bernardo Boldrini. A sessão no Fórum de Três Passos, no Noroeste, teve cerca de 11 horas de duração.

 

O corpo de Bernardo foi localizado no dia 14 de abril enterrado em um matagal na área rural deFrederico Westphalen, a cerca de 80 quilômetros de Três Passos, onde ele residia com a família. O menino estava desaparecido desde 4 de abril. Além de Leandro e Graciele, a amiga da madrasta Edelvania Wirganovicz e o irmão dela, Evandro Wirganovicz, estão presos e respondem por homicídio qualificado e ocultação de cadáver.

 

Para o advogado Jader Marques, que defende o pai do menino, o material não só ajuda seu cliente como comprova a falta de provas da acusação. Jader reforça a inocência do pai de Bernardo como mentor do crime. “Os vídeos são realmente muito fortes, relevantes, mas não há nenhuma relação com o homicídio”, sustentou Jader.

 

Como apenas quatro testemunhas de acusação puderam ser ouvidas na terça, as outras sete restantes devem ser ouvidas em uma nova audiência, marcada para o dia 8 de setembro. Ainda não há data definida para o testemunho das outras 22 testemunhas de defesa dos réus, dispensadas da audiência.

 

Entenda 

 

Conforme alegou a família, Bernardo teria sido visto pela última vez às 18h do dia 4 de abril, quando ia dormir na casa de um amigo, que ficava a duas quadras de distância da residência da família. No dia 6 de abril, o pai do menino disse que foi até a casa do amigo, mas foi comunicado que o filho não estava lá e nem havia chegado nos dias anteriores.

 

No início da tarde do dia 4, a madrasta foi multada por excesso de velocidade. A infração foi registrada na ERS-472, em um trecho entre os municípios de Tenente Portela e Palmitinho. Graciele trafegava a 117 km/h e seguia em direção a Frederico Westphalen. O Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) disse que ela estava acompanhada do menino.

 

O pai registrou o desaparecimento do menino no dia 6, e a polícia começou a investigar o caso. No dia 14 de abril, o corpo do garoto foi localizado. Segundo as investigações da Polícia Civil, Bernardo foi morto com uma superdosagem de um sedativo e depois enterrado em uma cova rasa, na área rural de Frederico Westphalen.

 

O inquérito apontou que Leandro Boldrini atuou no crime de homicídio e ocultação de cadáver como mentor, juntamente com Graciele. Ainda conforme a polícia, ele também auxiliou na compra do remédio em comprimidos, fornecendo a receita Leandro e Graciele arquitetaram o plano, assim como a história para que tal crime ficasse impune, e contaram com a colaboração de Edelvania e Evandro.

 

 

 

 

Com informações, G1.

 

 

 

Veja também:

  • Laranjeiras - Socorro atende motociclista ferido na Santos Dumont

    Na tarde desta segunda dia 24, a equipe do Semusa foi acionada até a avenida Santos Dumont, próximo a farinheira no centro de Laranjeiras do Sul.

     

    No local a equipe socorreu um motoqueiro que tinha se envolvido em um acidente de trânsito.

  • Mototaxista derruba cliente e não chama socorro

    Uma jovem moradora de Ponta Grossa usou as redes sociais para questionar uma empresa de moto táxi da cidade.

     

    Em uma publicação nas redes sociais, a jovem afirma ter sido vítima de um acidente de trânsito envolvendo um mototaxista da empresa na noite de sábado dia 04.

Entre para postar comentários