O jeitinho dado foi ocupar a área de circulação entre os túmulos e parte do terreno ao lado, que pertence à outra família.
"Nesse período até a família reunir o dinheiro para construir o jazigo, faleceu o Motta e colocaram ele no meio", conta o zelador do cemitério, Paulo Nurberg.
A partir daí, começaram as tentativas de liberar o túmulo do lado. Segundo o zelador, problemas na documentação dificultaram a retirada da ossada. "Depois de várias tentativas, umas dez ou mais, com várias documentações e com nomes diferentes e erros seguidos".
No entanto, na última segunda, dia 30, os restos mortais foram retirados do local e o antigo túmulo destruído.
E o mais impressionante em toda essa história, é que a retirada da ossada aconteceu depois do fim do horário de expediente, quando já não tinha mais ninguém no cemitério. Quando chegou para trabalhar na manhã desta última terça, dia 01, seu Paulo encontrou um pedreiro preparando o terreno para obra, que foi parada por recomendação da Polícia Militar.
"É uma situação um pouco complicada, vai ter que ser analisado os documentos que foram emitidos pela Prefeitura. Então até que saia um parecer sobre essa documentação, foi pedido que eles aguardassem sobre essa construção", explica o sargento do destacamento da PM, Luciano Giachini.
O projeto é erguer naquele local o futuro jazigo da família Motta. Do antigo túmulo, restou apenas um pedaço de cimento com um nome: Martim Stepanha, com a data de nascimento e de falecimento, em 29 de agosto de 1976.
No entanto, para a prefeitura de Três Barras do Paraná, não era Martin que estava enterrado ali, mas sim Alderico Dalpra, falecido em 16 de março de 1979. 36 anos depois, a família de Santa Catarina teria solicitado a transferência da ossada para a cidade de Itapoá.
"Um familiar identificou o corpo, disse que o senhor Alderico Dalpra estava enterrado naquele local. Esse familiar, através de uma procuração dos pais, fez um requerimento solicitando a retirada dos restos mortais de lá e o translado até Itapoá, Santa Catarina. Através do requerimento e dessa identificação, nós autorizamos a retirada", detalha o responsável pelo setor de Três Barras, Jonathan Dallagnol.
Entre os documentos apresentados pelo município para comprovar a regularidade do processo, nenhum é da época do sepultamento. A falta de registros oficiais não é exclusividade deste caso e agora o município faz um levantamento no cemitério.
"Nós esperávamos com esse levantamento que cerca de 40% dos túmulos do cemitério municipal não tivesse identificação. Esse processo ainda esta em andamento, ele foi postergado após o Finados, para dar mais tempo para a população. Hoje nos não temos identificação e todos os corpos", afirma o responsável.
A identificação dos mortos sepultados aqui é feito com a ajuda da memória dos familiares. Procedimento utilizado para localizar o túmulo de Martin Stepanha. O único documento que comprova que ele não estaria enterrado no túmulo destruído é uma declaração da filha dele, feita recentemente, sem qualquer registro em cartório.
O responsável pelo cemitério reconhece que pode haver confusão.
Até agora ninguém soube explicar os motivos para a construção do tumulo de seu Anterio Motta na posição em que está. Nossa equipe tentou localizar o filho dele, Antenor Motta, vereador em Três Barras do Paraná. Na Câmara de Vereadores, a informação é de que ele aparece somente às segundas-feiras, dia de sessão. Na empresa dele, a informação é de que ele havia saído há poucos minutos e ninguém tinha contato.(Com Jornal da Catve 2ª Edição)