Sexta, 22 Janeiro 2016 09:37

Cantagalo - Três casos suspeitos de dengue e um confirmado

A dengue em Cantagalo já começou tomar proporções preocupantes.

 

São três casos notificados e um confirmado, sendo uma das agentes de endemias que está de licença médica por ter contraído dengue. 

 

A Chefe de Endemias, Adriana Brum de Freitas, faz um apelo à população para que não coletem água da chuva ou acumulem água em qualquer espécie de vasilhames, especialmente caixas d’água usadas única e exclusivamente para armazenamento de água por tempo prolongado. 

 

O acumulo de água parada serve como criadouro do mosquito, não importa se limpa ou suja. O correto é não manter água parada sob nenhuma hipótese. Quando for inevitável, o recipiente deve estar completamente vedado, sem nenhuma fresta que permita o acesso de mosquitos.

 

Adriana faz um alerta também aos proprietários de terrenos baldios, para que os mantenham limpos e sem nada de água parada. Ela alerta que os proprietários negligentes serão notificados e multados.

 

Situação de Emergência

O município de Cantagalo está em estado de emergência e Adriana disse que parte da população não está fazendo a parte que lhes cabe, ou seja, não está cuidando de suas propriedades. Pessoas que ligam perguntando o que fazer são orientadas a eliminarem os criadouros e incentivar seus vizinhos fazerem o mesmo, além de passar repelente no corpo de hora em hora.

 

Regiões mais infestadas

A Vila Caçula, Jardim Santana e Centro são as regiões mais críticas, porém, o mosquito transmissor já é encontrado em todas as regiões da cidade. No Jardim Santana ocorreram os três casos notificados, mas ainda não confirmados. 

 

Um morador, que pediu para não ser identificado, disse: "São terrenos abandonados cheios de foco de mosquitos da dengue e até mesmo em residências, onde residem pessoas porcas, que não tem capacidade de cuidar do próprio quintal..."

 

Importante:

- As larvas do mosquito se desenvolvem em água, limpa ou suja;

 

- Os ovos do mosquito sobrevivem até um ano e meio em ambiente seco!

 

- Ar condicionado e ventiladores NÃO matam o mosquito; 

 

- A dengue MATA!

 

A dengue no estado

O município de Paranaguá, o maior do litoral do Paraná, entrou pela primeira vez na lista de cidades com epidemia de dengue. É a primeira vez que uma cidade da região leste do estado e do litoral passa por essa situação. Três mortes por dengue já foram confirmadas esse ano.

 

Paranaguá já notificou 614 casos. Na última semana, no entanto, outros seis municípios também atingiram uma taxa de incidência que caracteriza situação epidêmica: Mamborê (56), Cambará (93), Munhoz de Mello (43), Santa Isabel do Ivaí (35), Itambaracá (25) e Guaraci (19).

 

Formas de apresentação da dengue

A dengue pode se apresentar – clinicamente – de quatro diferentes formas: Infecção Inaparente, Dengue Clássica, Febre Hemorrágica da Dengue e Síndrome de Choque da Dengue. Dentre eles, destacam-se a Dengue Clássica e a Febre Hemorrágica da Dengue. 

 

- Infecção Inaparente

A pessoa está infectada pelo vírus, mas não apresenta nenhum sintoma da dengue. A grande maioria das infecções da dengue não apresenta sintomas. Acredita-se que de cada dez pessoas infectadas apenas uma ou duas ficam doentes. 

 

- Dengue Clássica

A Dengue Clássica é uma forma mais leve da doença e semelhante à gripe. Geralmente, inicia de uma hora para outra e dura entre 5 a 7 dias. A pessoa infectada tem febre alta (39° a 40°C), dores de cabeça, cansaço, dor muscular e nas articulações, indisposição, enjoos, vômitos, manchas vermelhas na pele, dor abdominal (principalmente em crianças), entre outros sintomas. 

 

Os sintomas da Dengue Clássica duram até uma semana. Após este período, a pessoa pode continuar sentindo cansaço e indisposição. 

 

- Dengue Hemorrágica

A Dengue Hemorrágica é uma doença grave e se caracteriza por alterações da coagulação sanguínea da pessoa infectada. Inicialmente se assemelha a Dengue Clássica, mas, após o terceiro ou quarto dia de evolução da doença, surgem hemorragias em virtude do sangramento de pequenos vasos na pelo e nos órgãos internos. A Dengue Hemorrágica pode provocar hemorragias nasais, gengivais, urinárias, gastrointestinais ou uterinas. 

 

Na Dengue Hemorrágica, assim que os sintomas de febre acabam a pressão arterial do doente cai, o que pode gerar tontura, queda e choque. Se a doença não for tratada com rapidez, pode levar à morte. 

 

- Síndrome de Choque da Dengue

Esta é a mais séria apresentação da dengue e se caracteriza por uma grande queda ou ausência de pressão arterial. A pessoa acometida pela doença apresenta um pulso quase imperceptível, inquietação, palidez e perda de consciência. Neste tipo de apresentação da doença, há registros de várias complicações, como alterações neurológicas, problemas cardiorrespiratórios, insuficiência hepática, hemorragia digestiva e derrame pleural. 

 

Entre as principais manifestações neurológicas, destacam-se: delírio, sonolência, depressão, coma, irritabilidade extrema, psicose, demência, amnésia, paralisias e sinais de meningite. Se a doença não for tratada com rapidez, pode levar à morte.

 

Outras doenças

Além da dengue o Aedes aegypti é o transmissor da febre amarela , zika e chikungunya.

 

Outro problema de saúde tem como causa o zika vírus: a microcefalia, a má formação do cérebro durante a gestação. Até meados do ano passado era uma doença considerada rara, no Brasil e no mundo. O número de casos no País explodiu a partir de agosto, meses depois de uma epidemia de zika no Nordeste. Exames feitos em bebês e fetos com a má-formação reforçaram a tese de pesquisadores de que o aumento de casos é causado pela transmissão vertical - da mãe para o bebê, na gestação. 

 

Mas por que esse mosquito se tornou uma ameaça tão grande? Por que ele é tão eficiente como transmissor de doenças? 

 

Segundo especialistas, parte disso tem a ver com o próprio processo evolutivo, no qual os vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela se adaptaram bem ao organismo do Aedes aegypti e vice-versa. Essa espécie de mosquito se tornou muito suscetível a eles, ou seja, seu organismo oferece as condições adequadas para que eles se instalem. 

 

“É o que chamamos de coevolução de vírus e mosquito. Eles vão se adaptando um ao outro. O inseto infectado tem que ter as condições apropriadas. Depende do número de partículas virais, se ele tem o receptor certo, se se multiplica bem, se o sistema imune dele combate um vírus, mas não outro etc.”, enumera Margareth Capurro, professora do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de São Paulo (USP). 

 

Mas há outros fatores que tornam o Aedes aegypti mais perigoso, disseminado e difícil de ser erradicado. Veja sete deles.

1- Convivência com o homem

O Aedes aegypti se acostumou a viver perto do homem. Ele se prolifera em áreas urbanas, especialmente naquelas com grande densidade populacional, ou seja, muita gente vivendo em pouco espaço. 

 

Também são insetos domiciliados, que preferem viver em ambientes internos, como o interior de casas e outras construções. Com isso, convivem ainda mais de perto com os seres humanos, ao mesmo tempo em que ficam protegidos das condições climáticas, o que favorece sua sobrevivência.

 

2- Apetite por sangue humano

O Aedes aegypti tem preferência pelo sangue de mamíferos, especialmente o de seres humanos. Mesmo na presença de outros animais, é o homem que ele vai preferir picar. 

 

“É a chamada antropofilia. Pode ter um monte de gatos e um ser humano em um ambiente, por exemplo. Ele vai picar o ser humano”, diz Marcos Takashi Obara, epidemiologista da Universidade de Brasília (UnB). 

 

Somente a fêmea do mosquito se alimenta de sangue, porque precisa dele para amadurecer seus ovos. Uma vez infectada, ela carrega o vírus para o resto da vida e pode transmiti-lo para várias pessoas. 

 

Aliás, é o que ela costuma fazer, inclusive em um curto espaço de tempo: após sugar o sangue de uma pessoa, ela pode picar outras pessoas no mesmo ambiente até ficar satisfeita. É por isso que é comum que várias pessoas da mesma família contraiam dengue, por exemplo, explica Margareth Capurro, da USP. 

 

“O Aedes é um mosquito que se assusta facilmente. Se alguém mexe, ele pode sair fora, mas se ele não estiver satisfeito, ele vai voltar e picar outras pessoas até encher o trato digestivo. Se estiver contaminado, vai infectar mais gente”, explica.

 

3- Picada indolor

O Aedes aegypti tem um anestésico na saliva, o que dificulta que a pessoa perceba quando está sendo picada. “No início, geralmente, você não percebe. Depois, quando você mata o inseto e ele explode, cheio de sangue, você vê que ele já picou”, afirma Margareth Capurro, da USP

 

4- Alimentação de dia e à noite

Diferentemente de outros mosquitos, que só picam durante o dia ou durante a noite, o Aedes aegypti pode se alimentar nos dois períodos. Na verdade, ele tem hábitos diurnos, mas com a presença de luz artificial, pode picar à noite também.

 

5- Variabilidade genética

Uma pesquisa recente do Instituto Butantan mostrou que o Aedes aegypti possui patrimônio genético muito rico e variável. Isso significa que eles têm um grande potencial para evoluir rapidamente e adaptar-se às adversidades.

 

6- Múltiplos ovos

Cada fêmea de Aedes é capaz de botar até 100 ovos de uma vez, e ela faz isso a cada cinco dias – o tempo de vida médio de um mosquito é em torno de 40 dias em laboratório e 20 na natureza. 

 

Outro agravante é que os ovos são distribuídos por diversos criadouros, o que aumenta a chance de sobrevivência e ajuda na dispersão da espécie. 

 

Além disso, a fêmea contaminada tem a capacidade de transmitir os vírus aos ovos, ou seja, os mosquitos já nascem infectados. Isso multiplica as chances de propagação.

 

7- Múltiplos criadouros

A grande quantidade de criadouros é outro fator que favorece a propagação do Aedes. De caixas d’água a vasos de plantas, de pneus a tampinhas de garrafa, qualquer lugar com água parada pode servir para a fêmea botar os ovos. Por isso, é tão importante eliminar ou fechar o acesso a esses recipientes. 

 

Marcos Takashi Obara, da UnB, lembra que a industrialização des centros urbanos aumentou ao longo dos últimos anos. “Hoje tem muito mais objetos de plástico, garrafas PET. Muitos desses materiais têm como destino as ruas, rodovias, terrenos baldios.” 

 

Mas nem a falta de água consegue barrar a reprodução do mosquito. Os ovos do Aedes têm a capacidade de sobreviver em recipientes secos por até um ano e meio. Eles ficam adormecidos e basta terem contato com um pouco de água para eclodir. Então, não basta evitar de deixar água parada dos recipientes. Recomenda-se também limpar bem suas paredes. 

 

De acordo com o Centro para a Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, se forem eliminadas todas as larvas, pupas e adultos de um lugar, a população do mosquito pode se recuperar em apenas duas semanas, graças aos ovos. Assim que eles têm contato com água, continuam a se desenvolver.

 

 

 

 

Por Valdir Baltokoski

 

 

 

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    A ação, promovida pelo governo federal, visa a alertar a população sobre a importância de combater, ainda antes do verão, o mosquito transmissor de doenças como dengue, zika e chikungunya. O maior volume de chuvas do período facilita a reprodução do Aedes aegypti.

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    Dessas, apenas 96 milhões apresentam os sintomas da doença e aproximadamente 294 milhões têm dengue assintomática, ou seja, não manifestam os sinais e sintomas e nem chegam a saber que foram infectadas pelo vírus por meio do mosquito Aedes Aegypti.

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