Quarta, 20 Agosto 2014 10:12

Entrevista com Dilma acende holofotes sobre Bonner

Como diria um veterano político, nunca antes na história deste país William Bonner gerou tantos comentários nas redes sociais — elogios, críticas, ironias, hashtags — como na noite de segunda, dia 18, quando ele e Patrícia Poeta entrevistaram a presidente Dilma Rousseff no ‘Jornal Nacional’.

 

Durante os 15 minutos e 52 segundos de duração da conversa, o apresentador interrompeu a candidata do PT à releição 21 vezes. Nos 18 anos como âncora do principal telejornal da Globo, e o de maior audiência do país, Bonner jamais foi tão incisivo com um entrevistado.

 

Já na primeira pergunta, o jornalista repetiu 7 vezes a palavra ‘corrupção’ para questionar Dilma sobre os escândalos envolvendo seus ministérios. O embate entre ele, sempre insatisfeito com as respostas, e a presidente durou 7 minutos e 15 segundos.

 

Só depois disso Patrícia Poeta, até então espectadora do ‘duelo’, fez sua primeira pergunta, mudando o assunto da pauta para saúde. Porém logo Bonner e Dilma voltaram a se enfrentar. O apresentador fez 5 intervenções tentando interromper a presidente para enfim lançar o terceiro tema: economia.

 

Faltavam pouco mais de 3 minutos para o fim da entrevista quando ele conseguiu finalmente questionar a candidata sobre inflação, superávit, expectativa de crescimento e responsabilidade sobre os números da economia.

 

Seguiu-se um novo round entre Bonner e Dilma, com o apresentador questionando cada frase da presidente. Aos 14:35 a candidata foi interrompida: “Nosso tempo está acabando”, avisou Bonner. “Acabou?”, reagiu a petista.

 

Mesmo com o tempo quase estourado, o apresentador e editor-chefe do ‘JN’ informou que iria garantir a Dilma o espaço de 1 minuto e meio concedido a todos os presidenciáveis para as considerações finais.

 

Perto dos 15 minutos e 30 segundos, Bonner e Poeta tentaram fazer a presidente encerrar sua mensagem. Mas ela ainda falou por mais 20 segundos.

 

Na despedida, Dilma Rousseff emitiu uma frase de impacto: “Eu acredito no Brasil. Acho que, mais do que nunca, todos nós precisamos acreditar no Brasil”.

 

Lembrou a declaração — posteriormente transformada em um quase mantra — do então candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, na entrevista concedida na terça, dia 12.

 

Menos de quatorze horas antes de morrer no acidente aéreo em Santos (SP), o ex-governador pernambucano convocou: “Não vamos desistir do Brasil”.

 

Apesar do tom enérgico adotado por William Bonner, e das interrupções de sua fala que ela raramente admite no dia a dia, a presidente Dilma Rousseff manteve a calma.

 

Ao retrucar, não soltou nenhum “meu filho” nem “milha filha”, o que costuma fazer quando está prestes a perder a paciência com os interlocutores, especialmente repórteres.

 

Foi a entrevista mais contundente das três realizadas até aqui. Além de Dilma e Campos, o ‘JN’ sabatinou Aécio Neves, candidato do PSDB, na segunda, dia 11.

 

No último fim de semana, William Bonner retuitou uma mensagem que explica sua postura na série do ‘Jornal Nacional’ com os candidatos à Presidência: “Jornalista que não é incisivo com o entrevistado vira assessor de imprensa”.

 

Falou o ‘tio’ do Twitter, como ele se refere a si mesmo no microblog. (Com Audi Morais)

 

 

 

Veja também:

  • TCU bloqueia bens de Dilma por prejuízo à Petrobras

    O Tribunal de Contas da União (TCU) bloqueou nesta quarta dia 11, os bens da ex-presidente Dilma Rousseff, por conta de sua atuação na aquisição da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), pela Petrobras. O bloqueio, que tem validade de um ano, foi aprovado pelo plenário da corte.

     

    A informação de que Dilma poderia ser punida com o bloqueio de seus bens foi revelada pela Coluna do Estadão em 31 de agosto. O bloqueio de bens também atinge os ex-membros do conselho Antonio Palocci, José Sergio Gabrielli, Claudio Luis da Silva Haddad, Fabio Colletti Barbosa e Gleuber Vieira. Cabe recurso da decisão do tribunal.

  • Temer e Cunha tramavam 'diariamente' queda de Dilma, diz delator

    O corretor Lúcio Funaro disse em sua delação premiada que, na época do impeachment, o então vice-presidente Michel Temer tramava "diariamente" a deposição da ex-presidente da República Dilma Rousseff com o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

     

    A afirmação consta de um dos anexos da colaboração de Funaro, já homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), na qual ele descreve a relação com a cúpula do PMDB e nomeia os "operadores" de Temer em supostos esquemas de corrupção.

  • Dilma diz que aumento de impostos poupa mais ricos e prejudica mais pobres

    A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) afirmou na sexta dia 21, que o aumento de impostos anunciado pelo presidente Michel Temer (PMDB) prejudica os mais pobres e poupa os mais ricos.

     

    Dilma também criticou "colunistas e analistas" que se opuseram à recriação da CPMF no governo da petista e, segundo a ex-presidente, não apresentaram resistência à alta de tributos anunciada por Temer.

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