Já na primeira pergunta, o jornalista repetiu 7 vezes a palavra ‘corrupção’ para questionar Dilma sobre os escândalos envolvendo seus ministérios. O embate entre ele, sempre insatisfeito com as respostas, e a presidente durou 7 minutos e 15 segundos.
Só depois disso Patrícia Poeta, até então espectadora do ‘duelo’, fez sua primeira pergunta, mudando o assunto da pauta para saúde. Porém logo Bonner e Dilma voltaram a se enfrentar. O apresentador fez 5 intervenções tentando interromper a presidente para enfim lançar o terceiro tema: economia.
Faltavam pouco mais de 3 minutos para o fim da entrevista quando ele conseguiu finalmente questionar a candidata sobre inflação, superávit, expectativa de crescimento e responsabilidade sobre os números da economia.
Seguiu-se um novo round entre Bonner e Dilma, com o apresentador questionando cada frase da presidente. Aos 14:35 a candidata foi interrompida: “Nosso tempo está acabando”, avisou Bonner. “Acabou?”, reagiu a petista.
Mesmo com o tempo quase estourado, o apresentador e editor-chefe do ‘JN’ informou que iria garantir a Dilma o espaço de 1 minuto e meio concedido a todos os presidenciáveis para as considerações finais.
Perto dos 15 minutos e 30 segundos, Bonner e Poeta tentaram fazer a presidente encerrar sua mensagem. Mas ela ainda falou por mais 20 segundos.
Na despedida, Dilma Rousseff emitiu uma frase de impacto: “Eu acredito no Brasil. Acho que, mais do que nunca, todos nós precisamos acreditar no Brasil”.
Lembrou a declaração — posteriormente transformada em um quase mantra — do então candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, na entrevista concedida na terça, dia 12.
Menos de quatorze horas antes de morrer no acidente aéreo em Santos (SP), o ex-governador pernambucano convocou: “Não vamos desistir do Brasil”.
Apesar do tom enérgico adotado por William Bonner, e das interrupções de sua fala que ela raramente admite no dia a dia, a presidente Dilma Rousseff manteve a calma.
Ao retrucar, não soltou nenhum “meu filho” nem “milha filha”, o que costuma fazer quando está prestes a perder a paciência com os interlocutores, especialmente repórteres.
Foi a entrevista mais contundente das três realizadas até aqui. Além de Dilma e Campos, o ‘JN’ sabatinou Aécio Neves, candidato do PSDB, na segunda, dia 11.
No último fim de semana, William Bonner retuitou uma mensagem que explica sua postura na série do ‘Jornal Nacional’ com os candidatos à Presidência: “Jornalista que não é incisivo com o entrevistado vira assessor de imprensa”.
Falou o ‘tio’ do Twitter, como ele se refere a si mesmo no microblog. (Com Audi Morais)