O temor do mercado é tanto com o anúncio de frio intenso que o preço da saca de 60 quilos de trigo passou de R$ 39 para R$ 42, de um dia para o outro nesta semana. “Em função da previsão de geadas houve uma reação do mercado, ainda que limitada pela paridade de importação”, informa o agrônomo Hugo Godinho, no boletim diário do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento (Seab).
O gatilho do mercado é explicado pelo fato de 52% do trigo cultivado estar na fase de frutificação dos cachos, época mais suscetível ao frio da geada, que costuma queimar a plantas. “E esses campos estão nas regiões Oeste e Norte que é para onde há a previsão das geadas”, ressalta Godinho. A safra de trigo neste ano é estimada em 2,6 milhões de toneladas.
A boa notícia para a dona de casa, ressalta Godinho, é que os preços do pãozinho e das massas sofrem mais influências de outros componentes de preço, como mão de obra dos padeiros que da farinha. “Além disso, as panificadoras e moinhos têm estoque do produto para poder se proteger das flutuações dos preços do mercado”, explica.
Outra cultura que pode ser afetada é a do milho safrinha, já em fase de colheita. De acordo com o economista Flávio Turra, da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), a previsão inicial era de colher 11 milhões de toneladas no Paraná. “Mas acredito que, em função das chuvas e do frio, a produção deve ficar em 10 milhões de toneladas”, diz.
As chuvas, explica Turra, dificultam o controle de pragas, além de atrasar a colheita. “A qualidade é o principal complicador quanto temos um clima assim”, afirma. De acordo como Deral, da safrinha de milho, 32% já está colhida e três quartos se encontram na fase de maturação.
Marcelo Garrido, economista do Deral/Seab, explica que além destas culturas, no Norte os cafezais também estão ameaçados. “A orientação é para que os produtores cubram os pés de até dois anos”, diz. Outras culturas de inverno, como cevada e aveia, estão em fase de plantio que não são tão suscetíveis. Garrido ressalta que as pastagens, dependendo da intensidade, podem afetar futuramente os preços do leite e da carne.
Por Ana Ehlert (Bem Paraná)