Quinta, 20 Abril 2017 09:02

Baleia Azul: não há brincadeira no 'jogo macabro'

Era uma vez um jogo, que te desfaiava a assistir filmes de terror, ouvir músicas psicodélicas, postar frases no Facebook, acordar de madrugada, permanecer na borda de prédios altos, desenhar baleias, furar seus lábios, fazer cortes nos seus braços com lâminas.

 

A ideia é que uma lista de 50 itens, monitorados por um “curador” via WhatsApp e Facebook, o faça desafiar seus medos, fazendo a dor ganhar um “novo sentido em sua mente. O segredo para ganhar o jogo está no fim, após completar  os outros 49 itens, tire sua própria vida: “Parabéns, você ganhou o jogo”.

 

O chamado “Blue Whale” teve origem na Rússia em 2015 e segundo estimativas, foi responsável por 130 suicídios no país. No Brasil novos casos tem ocupado os noticiários. A questão mais complexa é traçar uma linha reta entre a origem do jogo, quem o dissemina e quais as vítimas que estão recebendo essas ordens.

 

A origem do jogo seria uma “fake news” (notícia falsa) divulgada por um veículo de comunicação estatal da Rússia.

 

O assunto se espalhou em uma histeria coletiva e gerou um contágio, principalmente entre jovens. De acordo com especialistas, o jogo não existia, mas com a grande repercussão da notícia, pode ter passado a existir.

 

Entender o motivo que levaria um adolescente a entrar nessa “brincadeira” é o primeiro passo para entendermos o fenômeno.

 

Segundo a psicóloga Greice Fischdick, o adolescente se torna mais suscetível ao “jogo” quando já sofre com algum tipo de problema de ordem psicológica “Ansiedade, bullyng, isolamento, falta de compreensão, julgamentos, os motivos causadores de transtorno são variados, com essa carga o adolescente fica mais vulnerável a esse tipo de influência”.  

 

A atenção dos pais a qualquer comportamento suspeito é fundamental para coibir novos casos “Nem sempre é possível curar ou resolver uma necessidade apresentada, mas é possível cuidar, escutar e contribuir para amenizar o sofrimento do outro. Junto com alguém que sofre, sofrem os que o amam. Por isso também é muito importante acionar a família, para que esta também participe da reabilitação da pessoa que deseja se suicidar” aponta Fischdick.

 

Há baleias em Cascavel?

 

O município não possui saída para o mar, mas a balei pode ter chegado via whatsapp.

 

A Secretaria de Comunicação da prefeitura de Cascavel confirmou, no começo da tarde de ontem dia 19, houve registro de um caso relacionado com o desafio 'Baleia Azul'.

 

Segundo o que foi apurado pela CGN, a jovem teria sido atendida em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento).

 

A adolescente de 15 anos tentou se matar e também houve um caso de automutilação ligado ao jogo.

 

O delegado chefe da 15ª subdivisão da Polícia Civil Adriano Chohfi nega a informação e diz que até agora não houve confirmação do motivo do caso e que as investigações ainda não foram concluídas.

 

“Estamos com duas equipes trabalhando no caso. As investigações estão sendo realizadas na UPA. O caso até agora não foi confirmado e é preciso ter cuidado ao lidar com essa informação. Não podemos criar alarde” esclarece a autoridade.

 

Ainda durante a tarde, o prefeito Leonaldo Paranhos convocou uma reunião urgente para falar sobre o assunto. A reunião contará com equipes das secretarias de Saúde e Educação, e autoridades de segurança da Polícia Civil e Militar.

 

Até mesmo representantes religiosos formam chamados, da Opevel (Ordem dos Pastores Evangélicos de Cascavel) e o arcebispo de Cascavel, Dom Mauro Aparecido dos Santos.

 

Baleias são casos de polícia

 

Um alerta sobre as tais baleias já havia sido emitido pelas autoridades do estado e circulou no DECAP (Departamento de Policia Judiciária da Capital) e no DPI (Divisão Policial do Interior).

 

Segundo o delegado Chohfi, o caso será tratado pela Divisão de Homicídios “A divisão trata dos casos de homicídios, aborto, infanticídio e entendemos esse assunto como uma tentativa de homicídio, afinal, é crime induzir alguém ao suicídio” afirma a autoridade que também aconselha que se pais ou responsáveis notarem qualquer comportamento suspeito por parte dos filhos ou até mesmo se depararem com a corrente da baleia azul, devem procurar a delegacia mais próxima e fazer um boletim de ocorrência.

 

 “Perante a lei, induzir, instigar ou prestar auxilio a um suicida é, de fato, crime. A punição nesses casos é de 2 a 6 anos caso o ato seja consumado e de 1 a 3 anos, caso resulte em lesão grave” esclarece a advogada Monica Carvalho.  

 

Afinal, quem gosta de baleias?

 

O sofrimento do jovem Werther nasceu antes das baleias 

 

Em 1740, o livro “O sofrimento do jovem Werther” do poeta e escritor Johan Wolfgang von Goethe.

 

O tom realístico e perturbador do romance provocou comoção entre os jovens da época, que atraídos pelo espírito passional e depressivo do protagonista da obra, resolveram por fim em suas próprias vidas.

 

Na psicanálise criou-se um termo chamado Efeito Werther, em referência ao personagem e caracterizado por sua fenomenologia suicida.

 

Tornar o suicídio uma coqueluche, não é propriamente culpa de um autor defende a professora Vanessa Boorella, mestre em literatura comparada com ênfase em formação de leitores. “Se a obra tem um apelo ao público adolescente dependendo de quem e como é apresentada  ao leitor pode despertar consequências.

 

É preciso analisarmos o período histórico desses adolescentes. Na época da publicação da obra de von Goethe, centenas de pessoas morriam jovens por conta da tuberculose e tirar a própria vida por amor era socialmente aceito.

 

 “13 reasons why”

 

A série da Netflix 13 Reasons Why, também chamada de Os Treze Porquês, no Brasil, recebeu muitos elogios pela forma que retratou alguns temas tabus na sociedade, mais notoriamente o suicídio.

 

Para uma organização de saúde mental estadunidense chamada Headspace, no entanto, o modo como a série retrata o suicídio de adolescentes e a depressão está errado e precisa ser criticado.

 

Para o instituto, grande parte do conteúdo mostrado na série é arriscado e estressante para os espectadores, principalmente para os que já demonstrem algum caso de depressão.

 

“Há uma responsabilidade que as emissoras precisam assumir ao saber que estão mostrando ao seu público cenas de grande impacto, principalmente quando esse público é tão jovem”, disse o Dr. Steven Leicester ao Huffington Post Austrália. “Não é como mostrar acidentes de carro ou câncer. Demonstração irresponsáveis de suicídio pode gerar mais mortes”, explicou ele.

 

Do outro lado do oceano...

 

Dois publicitários de São Paulo apostaram nas boas atitudes como maneira de combater os avanços da Baleia Azul, jogo surgido na Rússia que incentiva o suicídio. Intitulada Baleia Rosa, a página já reúne mais de 87 mil seguidores no Facebook.

 

“Meu amigo começou a me contar o que era o jogo Baleia Azul. Vi uns vídeos de youtubers falando sobre o assunto e fui atrás da lista (de tarefas). Fiquei muito mal com o que eu li”, explica um dos criadores da página, de 30 anos.

 

Como resposta, os idealizadores buscaram atividades contrárias ao 'jogo', com postagens otimistas, divulgando 50 tarefas que espalham o bem para quem pratica e para quem recebe a ação. “Fomos lendo a lista da Baleia Azul e tentamos fazer o extremo oposto”, contou a publicitária.

 

 

 

 

O texto é de Matheus Bez Batti, da Gazeta do Paraná.

 

 

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