Sábado, 24 Setembro 2016 20:23

Usar celular na direção pode ter mesmo efeito do álcool no trânsito

Todos os meses, aproximadamente 10 mil motoristas são multados no Paraná por usar o celular ao volante.

 

Falar ou digitar no aparelho está entre as cinco infrações mais cometidas no Estado, de acordo com o Departamento de Trânsito do Paraná (Detran), com 82.804 multas registradas entre janeiro e agosto de 2016.

 

O número já é 8% maior que o alcançado no mesmo período do ano anterior, quando foram 76.677 infrações.

 

O problema, segundo especialistas em neurociência, é que - sem atenção ao ambiente ao redor - o condutor assume os mesmos riscos que beber e dirigir. “Não podemos focar nossa atenção em dois estímulos simultaneamente. Se estou atento ao meu aparelho celular, não estarei atento ao trânsito. A perda de qualidade de atenção que temos ao digitar ao volante é semelhante e tão grave e incompatível quanto ingerir álcool ao conduzir”, avalia o psicólogo Naim Akel Filho.

 

O tema é abordado na campanha Perigosa Mente no Trânsito, do Governo do Paraná, sobre atitudes egoístas ao volante. “A probabilidade de ocorrer um acidente aumenta em até 400% devido à falta de atenção do motorista. Sabemos que o trânsito exige raciocino rápido e postura atenta. Quando o condutor decide usar o celular, mesmo por alguns segundos, ele perde o tempo de reação que poderia evitar um acidente”, explica o diretor-geral do Detran, Marcos Traad.

 

 

RIGOR - A partir de novembro, dirigir segurando ou manuseando o celular será considerado infração gravíssima de trânsito, sujeita a multa no valor de R$ 293,47, mais sete pontos na habilitação. Hoje, esta ainda é uma infração média, com multa de R$ 85,13 e quatro pontos na carteira do condutor.

 

“As penalidades mais rigorosas são uma tentativa de diminuir o uso do aparelho pelos motoristas enquanto estão ao volante e, assim, reduzir também o risco de acidentes causados pela falta de atenção”, diz Traad.

 

Quem costuma fazer ligações nos trajetos de carro, como a estudante Virgínia Bastos, de 23 anos, deve mudar o comportamento. “Quando estou dirigindo e chega mensagem, não consigo conter a curiosidade e não visualizar. Já quase bati o carro e sei que preciso me controlar, posso atropelar alguém, levar multa. Estou tentando deixar o celular na bolsa”, afirma.

 

Alguns meses antes do casamento, Lucas, noivo de Gabrielle Giulie de Oliveira, de 19 anos sofreu uma colisão de moto enquanto estava indo trabalhar. A motorista, responsável pelo acidente, usava o celular enquanto dirigia. Devido à distração, a condutora não observou a placa de “pare” na esquina, ultrapassou os tachões e não teve o tempo para frear.

 

“A colisão provocou traumatismo ucraniano grave, a ponto de ficar na UTI por 21 dias. Hoje ele precisa cadeira de rodas, usar fraldas e medicamentos para dor, além de passar por sessões de fisioterapia intensas. Estávamos com casamento marcado e tivemos que cancelar tudo. Perdemos dinheiro, contratos e as consequências foram diversas. A mãe dele e eu saímos do emprego para revezarmos e cuidarmos dele. Por causa de um erro, por causa de uma distração, nossa vida mudou completamente”, relata.

 

 

MUDANÇAS - As alterações no CTB tornaram as multas mais pesadas, e os valores cobrados a partir do dia cinco de novembro passam de R$ 53,20 para R$ 88,38, no caso de infrações leves; de R$ 85,13 para R$ 130,16, nas infrações médias; de R$ 127,69 para R$ 195,23, nas graves; e de R$191,54 para R$293,47, nas gravíssimas.

 

 

 

 

Por assessoria

 

 

 

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