Segunda, 31 Agosto 2015 11:10

Paraná tem o maior número de usuários de tabaco do Brasil

“Não dá para colocar o adesivo já amanhã de manhã?” Foi com essa ansiedade que Maria Roseli Lima da Silva, 53 anos, chegou à reunião semanal do grupo de tabagismo da Unidade de Saúde Solitude, em Curitiba.

 

Depois de passar por um cateterismo mal sucedido e uma angioplastia no começo deste mês, ela quer mudar de vida e deixar de fumar. Por enquanto, Maria Roseli engrossa a estatística do número de fumantes do Paraná.

 

Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) do IBGE, a proporção de fumantes diários de tabaco no estado chega a 16,4% da população, o maior índice entre todos os estados brasileiros. A média nacional é de 12,7% e, na Região Sul, 14,4%.

 

Em Guarapuava, segundo dados da Secretaria de Políticas Públicas sobre Drogas, cerca de 10% dos guarapuavanos fumam. A coordenadora do Programa de Controle ao Tabagismo, Fernanda Spyra Dalmaz, também lembra que a Prefeitura de Guarapuava oferece tratamento através de terapias e medicamentos nas UBS da cidade para quem ainda não conseguiu, por algum motivo, abandonar o vício do cigarro. “Cerca de 87% das pessoas que passam pelo tratamento saem totalmente libertas do vício da nicotina. Vamos continuar o trabalho para que muitos guarapuavanos possam ter uma vida mais saudável e sem vícios”, explica.  

 

São 509 unidades de saúde em todo o Paraná que oferecem tratamento para pessoas que querem deixar de fumar. As despesas no Sistema Único de Saúde relacionadas com o tabagismo são de R$ 21 bilhões, valor 3,5 vezes maior do que o arrecadado em impostos cobrados da indústria do tabaco.

 

Essa é a primeira pesquisa que aponta o Paraná no topo do ranking do tabagismo. A PNS selecionou 81,7 mil domicílios no Brasil e apontou os hábitos alimentares e de saúde da população acima de 18 anos, em questionários aplicados em 2013. Na Pesquisa Especial de Tabagismo de 2008, a partir dos dados de amostra de domicílios do IBGE, o Paraná ocupava a sexta posição entre os estados, mas foi usada uma metodologia diferente que não permite comparações.

 

O IBGE considera tabaco os produtos que usam nicotina, que podem ser cigarro, charuto, cigarro de palha, rapé (que é aspirado) e fumo-de-rolo (que é mascado). Entre os fumantes do Paraná, aproximadamente metade (51,5%) disse que tentou parar de fumar nos 12 meses anteriores à pesquisa. Mas apenas uma pequena parcela buscou tratamento com profissional de saúde: 9,4%

 

Idosos e jovens

São os mais afetados com o fumo passivo dentro de casa. Dez por cento da população sofre com isso. Entre 18 e 24 anos, o índice sobe para 11,9%. Entre as pessoas com mais de 60 anos, 12,4% enfrentam o problema. Na média nacional, o grupo mais afetado é o de 18 a 24 anos: 16,2% .

 

Metade tentou parar

Entre os fumantes do Paraná, aproximadamente metade (51,5%) disse que tentou parar de fumar nos 12 meses anteriores à pesquisa. Mas apenas uma pequena parcela buscou tratamento com profissional de saúde: 9,4%.

 

Normalmente, as equipes de acolhimento orientam as pessoas a ficarem pelo menos um dia sem fumar antes de iniciar o tratamento. Por isso, Maria Roseli não conseguiu realizar seu desejo. E, além disso, ela precisava de orientação para saber que o adesivo, por si só, não livra a pessoa da dependência. Não foi suficiente, por exemplo, para fazer Maria do Rocio Machado Domingues, 58, abandonar o cigarro. Ela fuma desde os 15 e está com enfisema pulmonar. No encontro semanal foi sincera: “Sei que faz mal, mas também penso que já que é para morrer, vou morrer fumando. Não sei se é psicológico, mas não consigo parar. Usei remédio, adesivo, fiquei três dias sem, mas voltei.”

 

Os dados da PNS mostram que é grande a difusão dos malefícios da nicotina: 88% dos fumantes no Paraná observaram as advertências nos maços de cigarro. Mas apenas 55% disse que pretende parar por causa disso.(Com Rede Sul)

 

 

 

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