Quarta, 20 Agosto 2014 09:46

Em Curitiba, 50% dos jovens desaparecidos são "fujões"

Segundo Delegacia de Proteção à Pesoa, rebeldes fogem até 150 quilômetros e fazem contato em três dias.

 

Em Curitiba, a rebeldia é a motivação para metade dos desaparecimentos de adolescentes, entre 12 e 18 anos. Dados da Delegacia de Proteção à Pessoa mostram que neste ano foram 112 casos nesta faixa etária e, a metade deles, envolviam fugas da casa.

 

“Em grande parte dos casos, o menor se revolta quando os pais, ao darem mais liberdade, permitirem um namoro, também exigem mais responsabilidades, como se dedicar mais aos estudos ou ajudar mais nas tarefas domésticas”, explica o delegado Jaime da Silva Luz, titular da Delegacia. 

 

Na Capital paranaense, o número de pessoas desaparecidas nos últimos nove anos têm se mantido em cerca de 750 pessoas por ano, com um porcentual de 86% de solução. Em 2014, até julho foram contabilizadas 376 ocorrências de desaparecimentos. Destas 112 (30%) são jovens na faixa de 12 a 18 anos.

 

Como praticamente todos dependem dos pais economicamente, quando o adolescente resolve fugir de casa costuma não ir muito longe. Normalmente é encontrado em um raio de de 100 a 150 quilômetros de Curitiba, para o interior ou litoral do Estado. Em média, estes adolescentes demoram de 4 a 5 dias para entrarem em contato com a família. “Quando o dinheiro começa a acabar eles percebem que não era tão ruim na casa dos pais”, relata o delegado. Os casos mais graves podem demorar cerca de 20 dias a mais de um mês.

 

O delegado Luz revela ainda que na maioria destes casos em que a rebeldia é o estopim, não há um acompanhamento da rotina do adolescente mais de perto por parte da família. Ele ressalta que, embora os pais tenham de trabalhar para garantir o sustento da família, é importante manter um contato, uma aproximação com os filhos. 

 

“Procurar saber o nome e onde mora o colega com o qual o filho costuma fazer trabalhos escolares, saber quem é o amigo com o qual ele costuma conversar pelo computador ou pelo telefone, é a melhor forma de se aproximar dele,” diz.

 

Muito dos adolescentes que fogem de casa,  usam a internet, as redes sociais para fazer contato com o namorado ou amigo que irá dar abrigo na fuga. Luz ressalta que não se trata de invadir a privacidade do filho, mas de mostrar que você, pai ou mãe, está presente, acompanhando o que seu filho está fazendo. “E pelo o que percebemos, não adianta impor, proibir. O melhor sempre é conversar, tentar mostrar o motivo de tais atitudes e as consequências da rebeldia”, conta. 

 

Outro alerta que o delegado faz é para quem ajudar esse menor a se esconder. Um exemplo que pode ser enquadrado como crime é de uma adolescente de 17 anos que resolve fugir com o namorado de 19 anos. “Esse jovem de 19 anos já é considerado maior de idade e poderá ser enquadrado por crime de exploração de vulnerável, rapto e outros casos”, ressalta.

 

O delegado afirma a importância dos pais acompanharem a rotina dos filhos para que possam perceber qualquer mudança. “Não é necessário esperar 24 horas para fazer o comunicado de desaparecimento do adolescente, basta que ele tenha apresentado um comportamento diferente da  normalidade para que comecemos a investigar”, conta. 

 

 

 

 

Com informações, Bem Paraná.

 

 

 

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