Moro avaliou em 13,7 milhões de reais o montante dos bens que devem ser bloqueados para "garantir a reparação do dano", pelo qual ordenou o bloqueio de três apartamentos, um terreno e dois automóveis do ex-presidente, assim como de suas contas, nas quais estavam depositados mais de 600.000 reais, segundo os despachos judiciais.
Os valores bloqueados não serão transferidos aos cofres públicos a menos que a segunda instância confirme a condenação, informou o tribunal.
"Com essas medidas, a situação criminal de Lula se complica um pouco mais, mas não a eleitoral", disse à AFP Daniel Falcão, professor de Direito da Universidade de São Paulo, ao lembrar que o futuro político do ex-presidente depende da ratificação de sua condenação.
De acordo com a acusação, Lula é o proprietário de um triplex no Guarujá oferecido pela construtora OAS em troca de sua influência para obter contratos na Petrobras. Lula nega ser o dono do imóvel.
Por decisão de Moro, o líder do PT, que enfrenta outras quatro acusações penais, pode apelar da sentença em liberdade.
- Lula correndo na esteira -
Os advogados de Lula qualificaram o bloqueio de "ilegal" e que "prejudica a subsistência" do ex-presidente e de sua família, e afirmaram que impugnarão a decisão.
"Depois de condenar o ex-presidente Lula sem provas, de propagar mentiras e de contradizer sua própria sentença, o juiz Sérgio Moro decidiu se vingar de um inocente", afirmou o Partido dos Trabalhadores (PT) em um comunicado.
O líder da esquerda, de 71 anos, postou nesta quarta-feira nas redes sociais um vídeo em que aparece se exercitando: correndo na esteira, levantando pesos e aferindo a pressão enquanto aconselha "todo mundo se movimentar, andar um pouco. Não é por conta da beleza estética, para ficar com músculo, é para ficar com saúde", afirma.
Lula assegura não existirem provas contra ele e atribui a sentença a uma estratégia para tirá-lo do mapa eleitoral e para enterrar o projeto político do PT.
Segundo as pesquisas, anteriores à sua condenação, Lula é o favorito para ganhar as eleições de 2018, mas também o político com maior índice de rejeição.
O bloqueio "é um absurdo. Não passa de vingança e provocação", afirmou o deputado e líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini. (Com AFP)