Quinta, 16 Julho 2015 22:54

O que pensar e fazer antes de decidir ter um bebê

É preciso avaliar as condições financeiras e o espaço físico, por exemplo, além de estar preparada para enfrentar opiniões.

 

Independentemente de ter sido planejada ou de ter sido descoberta num momento em que o casal ainda não esperava, a gravidez é um período mágico e de transformações – não só para a gestante, mas para toda a família envolvida.

 

Mas é fato que uma gestação planejada apresenta certas vantagens em relação a uma gestação “surpresa”. Isto porque, quando planejada, todos os fatores necessários para uma boa gravidez para a mãe e para o bebê são mais fáceis de serem alcançados, anteriormente à gestação.

 

Márcio Coslovsky, ginecologista e obstetra especialista em reprodução humana da Primordia Medicina Reprodutiva, no Rio de Janeiro, aponta como principais vantagens de uma gravidez planejada: “poder realizar um check-up clínico que antecede a gravidez e emagrecer, caso necessite. Também é uma oportunidade para tratar alguma eventualidade apontada nos exames de check-up prévios”.

 

Para o ginecologista e obstetra, dois ou três meses normalmente é um tempo razoável para a mulher começar a planejar sua gravidez.

 

Engana-se quem pensa, porém, que planejar a gravidez significa simplesmente ir ao ginecologista e dizer “estou querendo ter um bebê”. Existem inúmeros fatores que devem ser levados em consideração antes desta tomada de decisão e vários outros para serem colocados em prática quando a decisão de engravidar estiver totalmente certa.

 

 

9 coisas para pensar e fazer antes de planejar a gravidez

 

 

Você acha que chegou a hora de “aumentar a família”, que está preparada para receber um bebê e, por isso, quer, o quanto antes, engravidar! Mas, calma: achar não é o suficiente, é preciso ter certeza, afinal, filho, por melhor que seja, é uma responsabilidade para a vida inteira.

 

“A mulher, antes de pensar em engravidar, deve consultar três áreas: a idade reprodutiva, a estabilidade da relação e o equilíbrio profissional e financeiro, ou seja, o conjunto biológico, emocional e racional deve estar em perfeita harmonia”, comenta Cristiane M. Maluf Martin, psicanalista da Clínica Crisma, especialista em Psicanálise, Terapia de Casais, Psicodiagnóstico, Ludoterapia e Dinâmicas de Grupo.

 

“É importante levar em consideração tudo antes de planejar uma gravidez, seja no aspecto físico, mental, financeiro e espiritual, pois com certeza essa decisão vai mexer com todas as áreas da sua vida”, acrescenta Cristiane.

 

Neste sentido, você confere orientações do que deve pensar e fazer antes de começar, de fato, a planejar a gravidez.

 

1. Aproveitar a vida

 

Antes de tomar a decisão de engravidar, de acordo com Cristiane, o casal deve aproveitar e desfrutar a vida despreocupada sem filhos. “Viaje, namore muito, durma até tarde, surfe, monte a cavalo, enfim, faça tudo que te der prazer e tiver vontade”, diz.

 

 

2. Fazer algumas perguntas para você mesma

 

Ter um filho é um compromisso para a vida toda, então, de acordo com Cristiane, é importante fazer algumas perguntas para si mesma, como, por exemplo:

 

    “É de comum acordo com o meu parceiro?”

    “Eu e ele temos diferença de religião, já discutimos como isso vai ser para a criança futuramente?”

    “Como vou conciliar o trabalho com a educação da criança?”

    “Ambos estamos dispostos a abrir mão do luxo, como dormir até mais tarde, por exemplo?”

 

 

3. Pensar nas condições financeiras

 

Uma criança precisa ser planejada em todos os sentidos, inclusive no financeiro. “É importante que o casal faça uma estimativa de gastos e verifique se o orçamento familiar, no momento, pode passar por essa significativa alteração”, destaca Cristiane.

 

“É recomendável que o casal tenha economias para que possa arcar com os gastos que se disparam, principalmente nos últimos meses da gravidez, e durante a preparação para a chegada do bebê”, acrescenta a psicanalista.

 

“Deve-se ter em mente que essa escolha tem um preço, ‘a gente dá um jeito’ não é a melhor maneira de pensar”, lembra Cristiane.

 

 

4. Pensar no espaço físico

 

É muito importante ainda pensar no espaço físico. “Pensar se há lugar na casa para um bebê, se a região é legal para criar um filho… O momento é ideal para lidar com uma possível reforma ou mudança de casa, pois é uma ótima terapia”, comenta Cristiane.

 

 

5. Cuidar de si mesma

 

Cristiane lembra que ninguém nasce preparada para ser mãe. “Ter um filho é uma responsabilidade e um compromisso, uma decisão que deve ser meditada com tranquilidade, confiança e sinceridade”, diz.

 

“Portanto, organize seus sentimentos e saúde mental, mulheres que sofrem de depressão tendem a ter mais dificuldade para engravidar. Caso você não esteja com a ‘cabeça boa’, é melhor buscar ajuda antes de engravidar, porque as mudanças hormonais são intensas e, muitas vezes, podem provocar depressão na gravidez e depressão pós-parto”, explica a psicanalista.

 

“Se a mulher estiver equilibrada no momento da gravidez, tudo tende a ser mais fácil, inclusive o parto. Ressalto que a gravidez NÃO é uma doença, porém deve estar claro para a mulher que as alterações físicas e psicológicas são inevitáveis”, acrescenta Cristiane.

 

É importante ainda a mulher cuidar da sua saúde física, também. “Será que estou me alimentando bem?”; “Será que tenho bons hábitos de vida?”; “Minha saúde, de uma forma geral, está bem?” são alguns dos pontos a serem pensados.

 

 

6. Ter uma conversa franca com seu parceiro

 

O casal precisa ter a certeza de que está preparado para ter um filho. “Não é uma decisão qualquer, portanto, ambos devem estar atentos à emoção dessa decisão, mas em nenhum momento deixar a razão de lado”, diz Cristiane.

 

“Como anda seu relacionamento? O futuro pai do bebê e você têm a mesma vontade? Pensar em um filho como solução para uma relação que anda abalada pode ser uma armadilha, pois a situação em si exige várias renúncias, ou seja, essa escolha acaba nos dando menos do que perdemos, e isso pode gerar um desconforto interno chamado ansiedade. O pequeno ser assume o comando de tudo à sua volta, por exemplo, os horários da casa, a estrutura do quarto, os móveis da sala, tudo passa em torno da necessidade e dos desejos dos pequenos”, comenta a psicanalista. Essas mudanças podem acontecer em maior ou menor grau, mas certamente tem uma influência em como a vida do casal funciona a partir do nascimento do bebê.

 

Cristiane ressalta que o maior erro de uma pessoa é achar que um filho vai trazer felicidade ao casal. “Pois, na verdade, o que deve estar claro para o casal é que o filho vai compartilhar a felicidade que já existe, mesmo porque seria muito egoísmo da parte de ambos colocar essa responsabilidade na criança”, destaca.

 

 

7. Estar preparada para enfrentar opiniões

 

Se o casal, de fato, tomar uma decisão importante como esta, certamente vai acabar ouvindo diversas opiniões – algumas no sentido de incentivar, outras, talvez, com a proposta de questionar. “Que bom! Já estava na hora, né?”; “Vocês têm certeza que querem ter um filho? Dá trabalho!”; “Será que vocês não são muito novos para isso?”… Esses são alguns exemplos de comentários que podem surgir.

 

Mas, vale ressaltar: a decisão é unicamente do casal. “E ambos devem ter em mente que independentemente de comentarem sobre o desejo de terem um filho, as cobranças são reais em qualquer família ou roda de amigos, porém, não significa que esses palpites devem ser aceitos. Por exemplo, a pessoa começa a namorar, cobram o casamento; depois que ela se casa, a cobrança é em relação aos filhos; depois que o casal tem o primeiro filho, perguntam quando vem o segundo, e assim por diante”, comenta Cristiane.

 

“Ressalto que o casal deve manter uma postura firme, para colocar limites e enfrentar as perguntas e críticas da família e dos amigos, e deixar claro para eles sobre como se sentem desconfortáveis com os questionamentos”, acrescenta a psicanalista.

 

 

8. Ir ao dentista

 

Do ponto de vista mais prático, é bom a mulher ir ao dentista para checar, de uma forma geral, como está a saúde da sua boca.

 

“É importante ir ao dentista antes da gravidez e durante a gravidez. Existe uma fragilidade na gengiva ocasionada pela gestação que pode causar sangramentos gengivais e pequenos focos de infecção na boca”, destaca o ginecologista Coslovsky.

 

 

9. Pensar sobre o obstetra que a acompanhará

 

É interesse começar a pensar no médico que você gostaria que te acompanhasse durante a gravidez e no parto. Seu ginecologista de confiança faz isso ou você terá que buscar um novo?

 

“O obstetra que acompanhará a gravidez tem que ser alguém com experiência e de conhecimento atualizado, com quem a gestante tenha e/ou faça um bom relacionamento”, destaca Coslovsky.

 

 

 

7 passos para planejar a gravidez

 

 

 

Você e seu parceiro estão mesmo decididos: querem ter um bebê e vão começar a planejar a gravidez a partir de agora. Abaixo você confere alguns passos que deve colocar em prática para garantir uma gestação de sucesso:

 

 

1. Busque o peso adequado

 

Se estiver acima do peso, é interessante buscar entrar no seu peso adequado (que poderá ser informado por seu médico). “Isso não é fundamental, mas é muito melhor para a mulher. As pessoas que estão acima do peso têm mais chances de ficar diabéticas ou hipertensas na gravidez. A gravidez é uma sobrecarga para o corpo, e se a mulher já estiver sobrecarregada pela obesidade, configura-se um somatório de problemas”, explica Coslovsky.

 

Para perder peso, não há segredos: é preciso unir uma alimentação saudável e balanceada à prática de alguma atividade física.

 

 

2. Pare de fumar

 

Coslovsky destaca que o cigarro é um inimigo da fertilidade. “Ele antecipa a menopausa, diminuindo a função ovariana. Uma vez grávida, as substâncias tóxicas atravessam a placenta e aumentam as chances de prematuridade e baixo peso fetal. Para quem deseja engravidar, o cigarro deve ser abandonado para ontem”, diz.

 

 

3. Diminua a ingestão de bebida alcoólica

 

“Para pessoas que bebem socialmente, não há problemas em engravidar. Mas, a partir do momento que a gravidez for descoberta, é preciso parar de beber”, explica o ginecologista.

 

4. Realize check-up clínico

 

A mulher deve fazer um check-up completo para verificar como está sua saúde. De acordo com Coslovsky, existem exames fundamentais que devem ser feitos antes da mulher engravidar. “Sorologias para afastar infecções. Sorologia para rubéola e toxoplasmose, glicemia, Papanicolau, ultrassons para diagnosticar possíveis malformações dos órgãos reprodutivos e exames de HIV, sífilis e hepatites”, explica.

 

 

5. Interrompa o uso do método contraceptivo e tenha relação sexual no período fértil

 

Se estiver fazendo uso de algum método contraceptivo, como, por exemplo, anticoncepcional, é necessário interrompê-lo.

 

É fundamental ainda se informar sobre seu período fértil, que é o momento do ciclo menstrual em que se torna mais provável a fecundação do óvulo pelo espermatozoide e, portanto, a gravidez. Ou seja, é o momento em que ocorre a ovulação — quando o ovário libera um ou mais óvulos para serem fecundados.

 

Considera-se que a ovulação acontece sempre no meio do ciclo, ou seja, em torno do 14º dia de um ciclo normal de 28 dias. Então, já que o desejo é engravidar, o período ideal para ter relações é de 3 dias antes a 3 dias depois do dia esperado para a ovulação.

 

 

6. Comece a tomar ácido fólico

 

A mulher que está tentando engravidar pode começar a tomar ácido fólico. “É uma boa ideia. O ácido fólico é benéfico para diminuição da má formação fetal e dos defeitos no tubo neural do bebê, como a anencefalia”, explica Coslovsky. Consulte o seu obstetra e sua nutricionista para que juntos eles possam criar um plano de nutrição adequado para a vinda do bebê.

 

 

7. Atente-se à sua alimentação

 

A mulher que está desejando engravidar não precisa necessariamente mudar sua alimentação (ao menos que tenha hábitos ruins e os reconheça, como, por exemplo, consumir muita fritura e doce). “Ela deve ficar atenta às carnes cruas e saladas mal lavadas, por causa da toxoplasmose. Fora isso, os outros hábitos alimentares podem continuar os mesmos”, diz Coslovsky.

 

Há muitas dúvidas e até mitos sobre o consumo de café, mas, de acordo com o ginecologista, o café não é contraindicado na gravidez ou no planejamento dela. “Sem exageros e com bom senso o consumo é permitido, mas é preciso moderação”, lembra.

 

De toda forma, é sempre importante conversar claramente com o médico sobre possíveis alterações que devam ser feitas na alimentação.

 

Por fim, além destas questões práticas, é muito importante controlar a ansiedade neste período e, também, “zelar pelo relacionamento”, não deixando que esta fase de preparação para a gravidez se torne algo penoso, estressante.

 

A relação sexual para ter um filho também deve ser especial, de consagração de uma união, o casal deve aproveitar para desfrutar deste momento e nunca realizá-lo por obrigação (somente com aquela ideia fixa de gerar um bebê). Esta é uma fase que pede cumplicidade, amor e romantismo!

 

 

 

 

Por Tais Romanelli (Dicas de Mulher)

 

 

 

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