A ideia busca evitar que crianças e jovens se apressem e se sintam pressionados a atingir marcos importantes, o que pode levar a um complexo de inferioridade caso não os atinjam. Os dados são da BBC.
"A ideia de que, de repente aos 18, você é um adulto não soa verdadeira", diz a psicóloga infantil Laverne Antrobus, que trabalha na Tavistock Clinic de Londres. "Minha experiência com os jovens é a de que eles ainda precisam de uma quantidade bastante considerável de apoio e ajuda para além dessa idade", completou.
A mudança serve para ajudar a garantir que quando os jovens atingem a idade de 18 anos não caiam nas lacunas no sistema de saúde e educação - nem criança, nem adulto - e acompanha os acontecimentos a atual compreensão de maturidade emocional, desenvolvimento hormonal e atividade cerebral.
Segundo a nova orientação, a adolescência agora está dividida em três fases: início da adolescência entre 12 e 14 anos, adolescência média entre 15 e 17 anos, e adolescência final de 18 a 25 anos. A neurociência tem mostrado que o desenvolvimento cognitivo de uma pessoa jovem continua em um estágio mais tardio e que, sua maturidade emocional, a autoimagem e o julgamento são afetados até que o córtex pré-frontal seja totalmente desenvolvido.
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"Alguns adolescentes podem querer ficar mais tempo com suas famílias, porque precisam de mais apoio durante esses anos de formação e é importante que os pais percebam que os todos jovens não se desenvolvem no mesmo ritmo", completou Laverne.
Infantilização
Mas, existe um outro lado para esta questão, segundo o professor de sociologia Frank Furedi, da Universidade de Kent. Ele defende que já há um grande número de jovens infantilizados e que a nova medida só vai fazer com que homens e mulheres fiquem ainda mais tempo na casa dos pais.
"Frequentemente se apontam as razões econômicas para este fenômeno, mas não é bem por causa disso. Na verdade, houve uma perda da aspiração por independência", considera.
Furedi acredita que esta cultura da infantilização intensificou o sentimento de dependência passiva, que pode levar a dificuldades na condução dos relacionamentos maduros. E não acredita que o mundo virou um lugar mais difícil para se viver. "Acho que o mundo não ficou mais cruel, nós é que seguramos nossas crianças por muito tempo. Com 11, 12, 13 anos não deixamos que saiam sozinhos. Com 14, 15, os isolamos da experiência da vida real. Tratamos os estudantes universitários da mesma maneira que tratamos alunos da escola, então eu acho que é esse tipo de efeito cumulativo de infantilização que é responsável por isso", argumenta. (Com informações da BBC)