No experimento, realizado em agosto, a atriz Shoshana Roberts caminhou pelas ruas de Manhattan vestida com uma calça jeans e uma blusa sem decote, enquanto o diretor Rob Bliss, que sugeriu a experiência à ONG, caminhava à sua frente, com uma câmera escondida em sua mochila, registrando as reações dos homens. Em sua caminhada de dez horas pelas ruas de Nova York, Shoshana ouviu mais de cem assédios verbais, além de piscadas e assovios.
As filmagens resultaram em um vídeo de quase 2 minutos, mostrando algumas das situações de assédio enfrentadas por Shoshana durante o 'passeio'. Um dos momentos mais constrangedores acontece quando um homem passa a caminhar ao lado da atriz por cerca de cinco minutos ininterruptos.
No site da Hollaback (em inglês) é possível encontrar redes de apoio e orientações para mulheres sobre como lidar com o assédio e a intimidação verbal nas ruas.
Ameaças na web
Se não bastasse todo o desrespeito às mulheres denunciado pelo vídeo, Shoshana agora está recebendo ameaças de estupro pela web. Assim que o vídeo começou a viralizar, a organização escreveu em seu Twitter que a atriz estava sendo ameaçada nos próprios comentários abaixo no vídeo, na página do YouTube. O filme já foi assistido por mais de 14 milhões de pessoas.
Apoiadores da causa estão denunciando e os comentários ofensivos estão sendo deletados pelos administradores do YouTube, informou a Hollaback.
"As ameaças de estupro indicam que estamos atingindo o ponto certo", disse a diretora da organização, Emily May ao site "Newsday". "Nós queremos mais do que simplesmente colocar o dedo na ferida, nós queremos que os nova-iorquinos se deem conta, de uma vez por todas, que o assédio nas ruas não é uma coisa normal, e que, como uma cidade, nos recusamos a aceitá-lo".
Luta contra o "fiu, fiu"
A definição de assédio sexual, adotada pela Comissão Europeia em 1987 diz que ele é categorizado como "uma conduta verbal ou física de natureza sexual cujo autor sabe ou deveria saber que é ofensiva à vítima."
Mas algumas pessoas ainda têm dificuldade ao entender por que aquele "fiu, fiu" no meio da rua é ofensivo. Segundo
Em um artigo publicado no Brasil Post, a blogueira feminista e organizadora do projeto #EuNãoMereçoSerEstuprada, Nana Queiroz, diz que aquele "fiu, fiu" no meio da rua é ofensivo porque não é um elogio, é uma manifestação de poder. "Quando um homem se refere ao seu corpo como se ele fosse um objeto de apreciação sexual, na verdade, ele está dizendo que tem usufruto do seu corpo, nem que seja no olhar e comentar".
A pesquisa Chega de Fiu Fiu, feita e divulgada no ano passado pelo Think Olga, comprova o que acontece nas ruas: milhares de mulheres foram entrevistadas e cerca de 99,6% disseram que já sofreram algum tipo de assédio sexual. Ao descrever o que cada uma delas sentiram quando foram abordadas desta forma, maioria escolheu a palavra medo. (Com O Globo e Brasil Post)
Veja o vídeo